Nesta “série dentro da série”, contaremos nas três primeiras partes a história de um dos últimos casarões demolidos na Avenida Paulista, que ficava quase na esquina da Avenida Consolação. O lindo palacete pertenceu a Taufik Camasmie, e com certeza muita gente vai lembrar dele.
Esta série especial é composta de cinco artigos. Neste primeiro, conheceremos a história do primeiro proprietário do local e o início da Série Palacete Camasmie, os três seguintes são sobre o palacete e, o último, apresentaremos o novo edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti.
Esse desafio só foi possível pela grata e gentil colaboração de uma descendente da família Camasmie: a Marcia Dib, bisneta do Sr. Taufik. A Marcia realizou uma riquíssima pesquisa para seu trabalho de graduação na Faculdade de Arquitetura, intitulado Produzindo o Ecletismo: estudo de um caso da avenida Paulista (1975-1985) sobre a construção do palacete, parte deste estudo será mostrado aqui, em seu original, datilografado e com fotos fotografadas da impressão em papel. Maravilhoso.
É fundamental registrar que a Marcia abriu sua casa, seus armários e sua memória para contribuir com nosso trabalho e compartilhar com todos nós essa riqueza histórica de nossa cidade. Isto é generosidade pura! Márcia, muito, muito obrigada por nos dar essa oportunidade sem igual!
Começamos pelo que conseguimos levantar da história do lugar. Entre 1917 e meados da década de 1920, a casa que se encontrava no terreno estava registrada no nome de Bento Loeb & Cia conforme as listas telefônicas da época.
Este também era o nome de uma das principais joalherias paulistanas do início do século passado. A Casa Bento Loeb estava localizada no centro da cidade, na Rua XV de novembro, 57. Parece que o negócio, começou como uma casa de penhores, como vemos na primeira imagem do Jornal Correio Paulistano, de 1897.
Depois, com uma linguagem popular, a joalheria Casa Bento Loeb oferecia entrada franca para quem quisesse visitar o estabelecimento. O endereço era exibido por homens-placa, como no exemplo do anúncio do jornal O Estado de S. Paulo, do começo do século XX, publicado em página inteira no dia 29 de dezembro de 1911.
E, por fim, a propaganda tríplice, do fim dos anos 1910, em que era apresentada a joalheria e casa de presentes de casamento, a venda de relógios ômega e a linda entrada da loja na Rua XV de novembro.
Como escreveu, Carolina Massaro, “A principal rua da cidade era a 15 de novembro, onde estavam as lojas mais sofisticadas, geralmente com nomes franceses, como a Pygmalion (de roupas) e a joalheria Bento Loeb. Lá também ficava a galeria Werbendoefer, com 36 lojas no térreo e 54 escritórios no primeiro andar. Sua cobertura era de cristal. A redação de O Estado de S. Paulo e de outros jornais ficavam na 15 de novembro, bem como a sede de bancos e de clubes, como o Jockey”.
Tudo acontecia na Rua XV de novembro, e a Casa Loeb era um de seus atrativos, com suas vitrines especiais, lançamento e espaço para tomar chá, a elite paulistana era frequentadora assídua da joalheria e casa de presentes.
Os proprietários da Casa Bento Loeb eram os irmãos Marc, Felix e Bento. Felix morava na Avenida Brigadeiro Luis Antonio, acreditamos que Bento Loeb morava na casa da Avenida Paulista, mas não temos informações sobre ela.
Entre o início e o meio da década de 1920 a casa não aparece nas listas telefônicas, voltando a constar em 1927, em construção, já em nome de Taufik Camasmie.
Com a contribuição de Marcia Dib, descobrimos que o Sr. Taufik se mudou para a Avenida Paulista em 1917, indo morar em uma casa alugada no número 3 da avenida, entre a Avenida Angélica e a Rua Minas Gerais. A casa chamava-se Vila Julieta, que era o nome da esposa do proprietário Benedito Rolim de Oliveira. Era uma casa grande, com 3 dormitórios, porão alto e pomar nos fundos.
Ficamos sabendo, também, que foi em 1919 que Camasmie comprou a casa do número 18 da Paulista, contrariando a informação da lista telefônica. Abaixo um trecho do trabalho de Marcia que conta sobre a compra:
Essa breve descrição sugere a grande história que contaremos sobre este palacete e seu proprietário Taufik Camasmie. Acompanhe a próxima publicação da Série Palacete Camasmie dentro da Série Avenida Paulista.
Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!
11 thoughts on “Série Palacete Camasmie – Parte 1: uma história em cinco capítulos”
Luiz Carlos Alípio
Maravilhosa a estória sobre mais essa casa que existiu na mais Paulista das avenidas. E também, por ter conhecido uma das descendentes de Taufik Camasmie: Clarisse Camasmie.
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Luciana Cotrim
Luiz Carlos, muito obrigada. Teremos mais 4 histórias sobre a família Camasmie, acho que você vai gostar. Acompanhe.
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Pingback: Série Palacete Casmamie – Parte 2: A Construção | Série Avenida Paulista
Pingback: Série Palacete Camasmie – Parte 3 : artesãos, construtores e preciosos detalhes | Série Avenida Paulista
Pingback: Série Palacete Camasmie – Parte 4: A família | Série Avenida Paulista
Elizabeth Ballan Albhy Sleiman
Gostaria de adquirir as series do palacete Camasmie
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Luciana Cotrim
Olá Elizabeth, como vai? Ficamos felizes com sua mensagem, mas infelizmente não temos a Série em livro, somente aqui no site. Pretendemos futuramente ter um livro da Série Avenida Paulista. Muito obrigada por seu interesse.
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Pingback: Série Palacete Camasmie – Parte 5: Metrô abre espaço para o Edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti | Série Avenida Paulista
Marcelo Bruno Rodrigues
Luciana, a primeira foto está em espelho, isto é, o que deveria estar à direita está à esquerda e vice-versa, como o mirante.
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Luciana Cotrim
É mesmo? Muito obrigada por avisar, vou tentar acertar.
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Luciana Cotrim
Olá, Marcelo. Agora está correto. Obrigada mais uma vez.
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