No artigo anterior apresentamos a casa que foi de Francisco Schmidt e Ferreira Ramos na Avenida Paulista no número 1048. Em 1944 a casa já aparece toda reformada, na Revista Acrópole, especializada em arquitetura.
A matéria mostra a casa de Alberto Bonfiglioli. Possivelmente, por um período, tenha abrigado uma agência do Banco Auxiliar, instituição pertencente à família. Conheça a casa e a história de Alberto Bonfiglioli.

Depois deste casarão
Conhecido empresário ítalo-brasileiro no cenário paulista, Alberto Bonfiglioli, nasceu em Bolonha, na Itália, em 6 de dezembro de 1897. Estudou no Liceu Salesiano de Milão em 1910 e na Faculdade do Comércio de São Paulo, onde se formou em Ciências Econômicas, tendo merecido a menção de honra e medalhas de ouro. Foi Filho de Victor Bonfiglioli e Rosa Bonfiglioli. A família de origem pertenceu a uma das mais antigas famílias de Bolonha, que possuía o condado de Foligno.
Segundo o texto atribuído à Max Max Gehringer, que foi publicado originalmente no facebook do Sebo Jundiaí, do professor Maurício Ferreira, No Brasil, aos 13 anos, a vida de Alberto começou com muito esforço,

Em dezembro 1916, concluiu o curso comercial (graduando-se como ‘guarda-livros’) na Academia Comercial Mercúrio, situada à Avenida São João, 173, São Paulo.
Em 1926, tornou-se procurador em São Paulo da firma Carraresi & Cia, de Santos, do imigrante florentino Ugo Carraresi, classificada como “despachantes aduaneiros e agentes marítimos e de seguros (para importação e exportação)”. Dois anos depois, Alberto Bonfiglioli iria constituir sua própria firma nesses mesmos moldes.Em 1928, aos 30 anos, Bonfiglioli iniciou as atividades da ‘Alberto Bonfiglioli & Cia’, sociedade para despachos aduaneiros, com sede à Rua Bela Vista, 12 – São Paulo.
Em março de 1939, Alberto Bonfiglioli ingressou no setor bancário. O anúncio de sua nova empresa informava: “Casa Bancária Alberto Bonfiglioli S.A. – Efetua todas as operações bancárias – depósitos, cobranças, cauções, descontos. Rua 3 de Dezembro, 50 – São Paulo”. Em janeiro de 1943, a razão social da empresa seria mudada para “Banco Auxiliar de S. Paulo S.A.”
Bonfiglioli foi diretor-presidente e principal acionista das seguintes organizações de São Paulo: Banco Auxiliar; Companhia Industrial de Conservas Alimentícias, a CICA, Auxilium S.A., Financiamento, Crédito e Investimento, Meias Waldorf S.A., Agropecuária Bonfiglioli, Construtora Bonfiglioli, entre outras.

A apresentação de capa do jornal Moscardo, de abril de 1947, uma publicação com caráter crítico, apresenta um desenho de Bonfiglioli na frente do prédio do Banco Auxiliar, e descreve como um homem com:
Uma singular mentalidade financeira dentro de um espírito de dinamismo realizador, que, finalmente, dará a São Paulo a sede central de suas preciosas e úteis evoluções econômicas.

Claro que, no mesmo jornal em que foi capa, dois anúncios de suas empresas: um anúncio da Cica e outro do Banco Auxiliar. Portanto, a capa deve ter sido “bem remunerada”. rs


Com muita representatividade, o grupo empresarial chegou ao cinquentenário da Corporação Bonfiglioli, de 1928 até 1978, celebrado com uma medalha comemorativa em metal.

Além das empresas, o Comendador também foi diretor-tesoureiro do Circolo Italiano, secretário da Sociedade Dante Alighieri, diretor da Associação Comercial de São Paulo, diretor da FIESP e vice-presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Investiu em vários segmentos sociais, tendo sido também foi proprietário de uma famosa galeria de artes plásticas, a Galeria Alberto Bonfiglioli, que ficava na Rua Augusta, 2995, que na imagem anuncia uma exposição De Aldo Bonadei

Sobre a sua casa na Avenida Paulista, no site Jundiai Agora, identificamos uma uma alusão a ela no seguinte parágrafo:
Em maio de 1943, um ano e meio após a fundação da Cica, os negócios de Alberto Bonfiglioli estavam indo de vento em popa, segundo nota publicada pelo jornal Il Moscone – “Vejam o comendador Alberto Bonfiglioli. Agora, na Avenida Paulista, ostenta o mais belo palacete das finais aristocracias locais. Deu um pontapé na prudência e entrou com bola e tudo no gol da fortuna.
Realmente era um palacete em estilo mais próximo ao moderno. Podemos ver detalhes nas fotos de Leon Liberman para a Revista Acrópole, em fevereiro de 1944.






Uma maravilha, não é mesmo? Uma pena que se deteriorou como vemos na foto abaixo já com placas da demolidora.

Alberto Bonfiglioli faleceu em São Paulo-Capital, em 04 de julho de 1967 e, sua homenagem, virou nome de muitas avenidas, como a Avenida Comendador Alberto Bonfiglioli, no Jardim Bonfiglioli no Butantã, em São Paulo, no Parque Frondoso, em Cotia, e mais uma outra em Jundiaí, onde ficava localizada a fábrica da Cica. Há também a Rodovia Comendador Alberto Bonfiglioli, que fica em Presidente Prudente, São Paulo.

Sobre o casarão, atualmente, no local em questão na Avenida Paulista está situado o Condomínio Edifício Comendador Alberto Bonfiglioli, fato que comprova a propriedade do terreno/ casa, que contaremos a história no próximo texto.
Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!

3 thoughts on “Comendador Alberto Bonfiglioli na Avenida Paulista”
Pingback: Edifício Comendador Alberto Bonfiglioli | Série Avenida Paulista
Paulo Aurélio
É muito bom conhecer como tudo começou nas instituições Bonfiglioli, e sinto-me honrado de ter trabalhado na maior e mais humana empresa brasileira que esse Brasil teve.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Marcos Davi França
Concordo plenamente com o comentário. Tive o orgulho de iniciar minha trajetória profissional no Banco Auxiliar de São Paulo S/A em 1973, depois Banco Auxiliar S/A, onde permaneci até 1985, além de muitas amizades, conheci minha esposa e estamos juntos à 45 anos. Até hoje sinto muitas saudades daqueles tempos onde não éramos apenas números ou resultados.
CurtirCurtido por 1 pessoa