Série Avenida Paulista
  • Home
  • A Série Avenida Paulista
  • Casarões
  • Edifícios
  • Espaços públicos
  • Contato
  •  A casa de Albert e Pérola Byington na Avenida Paulista

    Posted at 18:56 by Luciana Cotrim, on janeiro 30, 2024

    Apresentaremos a casa da família Albert Jackson Byington e, sua esposa, Pérola Byington, que ficava no 127 da numeração antiga.

    Por meio de um estudioso da arquitetura antiga das cidades e um leitor do nosso site, Marcos Cesar da Silva, conseguimos a foto da residência e agradecemos a sua gentileza.

    Depois deste casarão

    Edifício Pedro de Biagi

    A origem da família é contada abaixo, por meio do trecho inicial de um artigo de Rafael de Luna Freire, intitulado “Da geração de eletricidade aos divertimentos elétricos: a trajetória empresarial de Alberto Byington Jr. antes da produção de filmes” publicado em 2013, na Revista Estudos Históricos do Rio de Janeiro.

    Mary Elizabeth Ellis, professora do Colégio Piracicabano, em Piracicaba (SP), fundado por presbiterianos do Sul dos Estados Unidos, era oriunda da região do Mississipi. Devido à Guerra de Secessão, foi trazida para o Brasil aos nove anos de idade, indo viver na casa de seu avô, Henry Strong, já estabelecido como fazendeiro em Santa Bárbara d’Oeste, um dos principais núcleos de imigração americana no interior de São Paulo. Em 1878, Mary casou-se com outro imigrante, Robert Dickson MacIntyre, assumindo o sobrenome do marido (Mott, 2003: 22-3).

    Uma das três filhas de Mary e Robert, Pearl Ellis MacIntyre (que depois adotou o nome de Pérola) nasceu em 3 de dezembro de 1879, na fazenda da família. Depois de viver em diversas cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais, mudou-se com seus pais e suas duas irmãs para a capital paulista, onde estudou na Escola Normal Caetano de Campos. Formando-se normalista, foi convidada para trabalhar como governanta na mansão de uma rica família paulistana, mas recusou. Àquela altura já estava de casamento marcado com Albert, jovem imigrante norte-americano (Mott, 2001: 219).

    Albert Jackson Byington

    Oriundo de Elmira, interior do Estado de Nova York, o noivo de Pérola, Albert Jackson Byington, nasceu em 22 de janeiro de 1875. Em 1893, aos 18 anos, trabalhou durante seis meses no pavilhão de eletricidade da Feira Internacional de Chicago. “Depois disso”, segundo depoimento de Paulo Egydio Martins, “foi contratado para vir para a Argentina e se estabeleceu em Buenos Aires com seu amigo Charles Williams. Em 1895 veio de Buenos Aires para o Rio de Janeiro, para trabalhar com o engenheiro canadense James Mitchel, responsável pela introdução do bonde elétrico na capital. Em seguida foi para São Paulo trabalhar na Light & Power” (Martins, 2007: 106).

    A partir do trabalho manual no processo de eletrificação das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo “subindo poste e puxando fio”, nas palavras de Martins, teria início a carreira no Brasil do imigrante norte-americano (posteriormente naturalizado) e a vida conjugal de Albert e Pearl, ou melhor, Alberto e Pérola, casal de cidadãos brasileiros como seria frequentemente ressaltado.

    O jovem casal se instalou em Sorocaba e aí, em 1901, Alberto Byington adquiriu a Empresa Elétrica de Sorocaba, que possuía uma pequena usina térmica (De Lorenzo, 1993: 55-6). De Sorocaba mudou-se para Campinas, então a segunda cidade mais populosa do estado, onde Alberto organizou em 1904 a Cavalcante, Byington & Cia., que daria origem à Companhia Campineira Luz e Força, provavelmente associando-se ao empresariado local ligado ao café. Aos poucos, o norte-americano prosseguiu na estratégia de compra e construção de pequenas usinas elétricas na região.

    Nesse sentido, em março de 1913, Alberto Byington se tornou representante no Brasil da recém-criada empresa The Southern Brazil Electric Company, Limited, ligada a capitais ingleses. Durante a Primeira Guerra Mundial, diante da restrição à importação de carvão, principal insumo da geração térmica, houve um investimento ainda maior no Brasil na geração hidroelétrica.

    Não à toa, através da firma Byington & Sundstrom, Alberto Byington foi um dos responsáveis pela complexa construção da ponte Hercílio Luz, que ligou a ilha de Santa Catarina, onde se situa Florianópolis, ao continente, inaugurada em 1926, depois de quatro anos de obras. (..)

    A expansão da Byington & Cia nos anos 1920 fez com que a empresa passasse a ter uma filial em Nova York e nas principais cidades do Brasil: Rio, São Paulo, Santos, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife.

    Pérola Byington foi uma das fundadoras da Cruzada Pró-Infância, importante instituição com o objetivo de diminuir a mortalidade infantil. A neta de Pérola, Maria Elisa Botelho Byington, preocupada com a preservação da história de sua avó e da Cruzada, escreveu o livro “O gesto que salva – Pérola Byington e a Cruzada Pró-Infância’, editado em 2005 pela Grifo Projetos Históricos e Editoriais.

    No lançamento do livro, Maria Elisa, concedeu uma entrevista à Paula Protazio Lacerda, da Revista Época, e nela havia alguns trechos sobre sua avó que publicamos aqui.

    Pérola Byington

    Pérola casou-se com Alberto J. Byington e tiveram dois filhos, Richard e Betsey Ann. Em 1912 a família levou os filhos para estudar nos Estados Unidos. Estourou a guerra e eles não puderam voltar ao Brasil. Com isso, minha avó começou a trabalhar na Cruz Vermelha americana levantando fundos.

    A Cruz Vermelha americana estendeu os seus serviços além dos campos de batalha no atendimento aos feridos de guerra. Instituiu campanhas de prevenção de acidentes em casa e no trânsito, e foi pioneira na visitação rural para tratar as famílias distantes da cidade. Pérola pode não ter atuado em todas essas áreas, mas adquiriu, digamos, por “osmose” aquele ambiente de trabalho.

    Na foto a família está na área externa da casa da Avenida Paulista e o casal está sentado no meio, Pérola com o filho Richard, e Albert com Betsy Ann.

    Quando Pérola voltou ao Brasil, trabalhou na Cruz Vermelha de São Paulo, com a fundadora, Maria Rennotte, companheira de sua mãe no Colégio Piracicabano. Então, com toda essa experiência, aos cinquenta anos, ela inaugurou a Cruzada Pró-Infância junto com Maria Antonieta de Castro, educadora sanitária. Sua finalidade era combater a mortalidade infantil.

    Por muito tempo, as reuniões da Cruzada Pró-infância eram realizadas na casa de Pérola. Na foto, na entrada da residência, as mulheres associadas e benfeitoras da instituição.

    A Pérola e sua equipe tinham ideias maravilhosas. Realizavam muitas campanhas, concursos e eventos públicos e de repente a Cruzada caiu no gosto da imprensa.

    Diversos jornais publicavam todas as campanhas da Cruzada. A última campanha, em 1963, pouco antes do falecimento de Pérola foi no canal 9, TV Excelsior. Permaneceu 27 horas no ar. Não sei como, mas alguém inventou um pedágio e todos os taxistas combinaram de passar pelo pedágio naquela noite.  Foram muitas ações em benefício à Cruzada Pró-Infância.

    Pérola em seu trabalho contra a mortalidade infantil.

    Pérola recebeu inúmeros prêmios e condecorações. Em São Paulo, o hospital Pérola Byington, em sua homenagem, é dedicado ao atendimento da mulher e um núcleo de profissionalização para jovens em situação de vulnerabilidade social. Em sua cidade natal, Santa Bárbara d’Oeste, a avenida onde está sediada a maior indústria de tornos do mundo foi batizada como Avenida Pérola Byington.

    Pérola, município do estado do Paraná – antes, distrito do município de Xambrê, foi assim nomeado em sua homenagem, por conta de seu filho Alberto Byington Júnior, um dos sócios da Companhia Byington de Colonização Ltda., empresa que, a partir de 1950, adquiriu terras e colonizou a região.

    Sobre a casa da Avenida Paulista pouco sabemos. Vimos que foi realizada uma reforma em 1927 solicitada à Prefeitura pelo Sr. Alberto Byington.

    Como mencionado, por muito tempo, Pérola usava sua casa para reuniões e eventos da Cruzada Pró-Infância. Toda as terças e quartas-feiras ela oferecia um “chá-bridge” às associadas e amigas. Além de recolhimento de donativos, como nesta matéria de 1930 sobre a Semana da Criança, instituída no Brasil por Pérola.

    Encontramos notícias das ações da Cruzada na Avenida Paulista, até o fim da década de 1940 e início dos 50. A família Byington ainda consta na lista telefônica de 1973, portanto não sabemos quando a casa foi vendida.

    A família aparece neste endereço nas listas telefônicas a partir de 1920, mas antes disso, em 1917 o local aparece em nome de da família de Willian Speers, um inglês de Newcastle, que veio jovem para o Brasil. Como informação relevante, vamos mencionar a sua passagem pela Avenida Paulista.

    Ele rabalhou por 53 anos na São Paulo Railway Company, onde chegou a ser superintende e representante da empresa no Brasil, como podemos ver na notícia abaixo. Em 1910, a casa estava em nome de seu filho J. P. Speers.

    Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!

    Compartilhe isso:

    • Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+
    • Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook
    Curtir Carregando...

    Relacionado

    • ← A casa de Elias Calfat na Avenida Paulista
    • Edifício Pedro Biagi e o Centro Cultural Coreano →
    Avatar de Desconhecido

    Autor: Luciana Cotrim

    Instagram: @serieavenidapaulista Facebook: facebook.com/serieavenidapaulista Use: #serieavenidapaulista
    Postado em Casarões, Sem categoria | 1 Comentário | Marcado Avenida Paulista, Cruzada Pró-Infância, Hercílio Luz, Pérola Byington |

    One thought on “ A casa de Albert e Pérola Byington na Avenida Paulista”

    • Pingback: Edifício Pedro Biagi e o Centro Cultural Coreano | Série Avenida Paulista

    Deixe um comentário Cancelar resposta

    • Sobre

      A Série Avenida Paulista conta as histórias dos casarões e das famílias que moravam na avenida e, também, dos edifícios que foram  construídos em seus lugares.

      Escrita por Luciana Cotrim, a série conta a história de mais de 80 casarões do século XX e dos edifícios atuais.

    • Redes Sociais

      • Facebook
      • YouTube
      • Instagram
    • Categorias

      • Casarões (83)
      • Edifícios (59)
      • Locais públicos (12)
      • Sem categoria (51)
    • Pesquisar no site

    • Posts recentes

      • Azem Azem na Avenida Paulista
      • O clássico Edifício Savoy na Paulista
      • Anos de Natal na Paulista
      • O atelier de Dener na Avenida Paulista
      • O edifício Louis Pasteur na Avenida Paulista
    • Tags

      Abelardo Riedy de Souza Alameda Ministro Rocha Azevedo Antonieta Chaves Cintra Gordinho Antonio Pereira Ignácio Arquitetura Modernista Assad Abdalla Augusto Fried Avenida Paulista Banco Real Baronesa de Arary Boutique Madame Rosita Burle Marx Casa Bento Loeb Casa Loeb Castellabate Club Homs Colégio Pais Leme Colégio São Luís Conjunto Nacional Correa Galvão Dante Alighieri Demétrio Taufik Camasmie Edifício Anchieta Edifício Barão de Itatiaya Edifício do Banco Central Edifício Grande Avenida Edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti Edifício Safra Eloy Chaves FAACG Família Cardoso de Almeida Família Rocha Azevedo Flora Figueiredo Gymnasio Anglo-Brazileiro Gymnasio Anglo-Latino Herculano de Almeida Prado Corrêa Galvão Homs Horácio Berlinck Cardoso Horácio Sabino Igreja São Luís do Gonzaga IRFM Jardim América Jayme Loureiro João Baptista Scuracchio João Dente Luigi Perroni Malta & Guedes Manifestações MASP Matarazzo Ministro Rocha Azevedo Moyses Miguel Haddad Nagib Salem Palacetecamasmie Palacete Casmamie Parque Mário Covas Paulo Mendes da Rocha Ramos de Azevedo René Thiollier Restaurante America Revolta Paulista Rino Levi Arquitetos Rocha Azevedo Rodolfo Crespi Rua Augusta Santander serieavenidapaulista Sidonio Porto Série Avenida Paulista Taufik Camasmie Trianon Victor Dubugras Villa Fortunata Villa Matarazzo
  • Arquivos

    • julho 2025 (1)
    • janeiro 2025 (1)
    • dezembro 2024 (1)
    • agosto 2024 (1)
    • julho 2024 (1)
    • abril 2024 (1)
    • março 2024 (3)
    • fevereiro 2024 (3)
    • janeiro 2024 (8)
    • dezembro 2023 (1)
    • novembro 2023 (2)
    • outubro 2023 (1)
    • julho 2023 (4)
    • abril 2023 (1)
    • janeiro 2023 (1)
    • setembro 2022 (1)
    • julho 2022 (2)
    • junho 2022 (1)
    • maio 2022 (3)
    • abril 2022 (4)
    • março 2022 (1)
    • fevereiro 2022 (2)
    • janeiro 2022 (2)
    • dezembro 2021 (2)
    • novembro 2021 (1)
    • outubro 2021 (2)
    • setembro 2021 (4)
    • agosto 2021 (2)
    • julho 2021 (2)
    • junho 2021 (1)
    • maio 2021 (3)
    • abril 2021 (3)
    • março 2021 (4)
    • fevereiro 2021 (4)
    • janeiro 2021 (7)
    • dezembro 2020 (2)
    • outubro 2020 (2)
    • setembro 2020 (2)
    • agosto 2020 (1)
    • julho 2020 (3)
    • junho 2020 (1)
    • maio 2020 (1)
    • março 2020 (2)
    • fevereiro 2020 (5)
    • janeiro 2020 (3)
    • dezembro 2019 (1)
    • novembro 2019 (4)
    • outubro 2019 (4)
    • setembro 2019 (5)
    • agosto 2019 (6)
    • julho 2019 (7)
    • junho 2019 (6)
    • maio 2019 (9)
    • abril 2019 (2)
    • março 2019 (4)
  • Follow Série Avenida Paulista on WordPress.com
    • Facebook
    • YouTube
    • Instagram

Crie um site ou blog no WordPress.com

  • Comentário
  • Reblogar
  • Assinar Assinado
    • Série Avenida Paulista
    • Junte-se a 86 outros assinantes
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • Série Avenida Paulista
    • Assinar Assinado
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Copiar link curto
    • Denunciar este conteúdo
    • Ver post no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
 

Carregando comentários...
 

  • Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
    Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • %d