Apresentaremos a casa da família Albert Jackson Byington e, sua esposa, Pérola Byington, que ficava no 127 da numeração antiga.
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Por meio de um estudioso da arquitetura antiga das cidades e um leitor do nosso site, Marcos Cesar da Silva, conseguimos a foto da residência e agradecemos a sua gentileza.
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Depois deste casarão
A origem da família é contada abaixo, por meio do trecho inicial de um artigo de Rafael de Luna Freire, intitulado “Da geração de eletricidade aos divertimentos elétricos: a trajetória empresarial de Alberto Byington Jr. antes da produção de filmes” publicado em 2013, na Revista Estudos Históricos do Rio de Janeiro.
Mary Elizabeth Ellis, professora do Colégio Piracicabano, em Piracicaba (SP), fundado por presbiterianos do Sul dos Estados Unidos, era oriunda da região do Mississipi. Devido à Guerra de Secessão, foi trazida para o Brasil aos nove anos de idade, indo viver na casa de seu avô, Henry Strong, já estabelecido como fazendeiro em Santa Bárbara d’Oeste, um dos principais núcleos de imigração americana no interior de São Paulo. Em 1878, Mary casou-se com outro imigrante, Robert Dickson MacIntyre, assumindo o sobrenome do marido (Mott, 2003: 22-3).
Uma das três filhas de Mary e Robert, Pearl Ellis MacIntyre (que depois adotou o nome de Pérola) nasceu em 3 de dezembro de 1879, na fazenda da família. Depois de viver em diversas cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais, mudou-se com seus pais e suas duas irmãs para a capital paulista, onde estudou na Escola Normal Caetano de Campos. Formando-se normalista, foi convidada para trabalhar como governanta na mansão de uma rica família paulistana, mas recusou. Àquela altura já estava de casamento marcado com Albert, jovem imigrante norte-americano (Mott, 2001: 219).
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Oriundo de Elmira, interior do Estado de Nova York, o noivo de Pérola, Albert Jackson Byington, nasceu em 22 de janeiro de 1875. Em 1893, aos 18 anos, trabalhou durante seis meses no pavilhão de eletricidade da Feira Internacional de Chicago. “Depois disso”, segundo depoimento de Paulo Egydio Martins, “foi contratado para vir para a Argentina e se estabeleceu em Buenos Aires com seu amigo Charles Williams. Em 1895 veio de Buenos Aires para o Rio de Janeiro, para trabalhar com o engenheiro canadense James Mitchel, responsável pela introdução do bonde elétrico na capital. Em seguida foi para São Paulo trabalhar na Light & Power” (Martins, 2007: 106).
A partir do trabalho manual no processo de eletrificação das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo “subindo poste e puxando fio”, nas palavras de Martins, teria início a carreira no Brasil do imigrante norte-americano (posteriormente naturalizado) e a vida conjugal de Albert e Pearl, ou melhor, Alberto e Pérola, casal de cidadãos brasileiros como seria frequentemente ressaltado.
O jovem casal se instalou em Sorocaba e aí, em 1901, Alberto Byington adquiriu a Empresa Elétrica de Sorocaba, que possuía uma pequena usina térmica (De Lorenzo, 1993: 55-6). De Sorocaba mudou-se para Campinas, então a segunda cidade mais populosa do estado, onde Alberto organizou em 1904 a Cavalcante, Byington & Cia., que daria origem à Companhia Campineira Luz e Força, provavelmente associando-se ao empresariado local ligado ao café. Aos poucos, o norte-americano prosseguiu na estratégia de compra e construção de pequenas usinas elétricas na região.
Nesse sentido, em março de 1913, Alberto Byington se tornou representante no Brasil da recém-criada empresa The Southern Brazil Electric Company, Limited, ligada a capitais ingleses. Durante a Primeira Guerra Mundial, diante da restrição à importação de carvão, principal insumo da geração térmica, houve um investimento ainda maior no Brasil na geração hidroelétrica.
Não à toa, através da firma Byington & Sundstrom, Alberto Byington foi um dos responsáveis pela complexa construção da ponte Hercílio Luz, que ligou a ilha de Santa Catarina, onde se situa Florianópolis, ao continente, inaugurada em 1926, depois de quatro anos de obras. (..)
A expansão da Byington & Cia nos anos 1920 fez com que a empresa passasse a ter uma filial em Nova York e nas principais cidades do Brasil: Rio, São Paulo, Santos, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife.
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Pérola Byington foi uma das fundadoras da Cruzada Pró-Infância, importante instituição com o objetivo de diminuir a mortalidade infantil. A neta de Pérola, Maria Elisa Botelho Byington, preocupada com a preservação da história de sua avó e da Cruzada, escreveu o livro “O gesto que salva – Pérola Byington e a Cruzada Pró-Infância’, editado em 2005 pela Grifo Projetos Históricos e Editoriais.
No lançamento do livro, Maria Elisa, concedeu uma entrevista à Paula Protazio Lacerda, da Revista Época, e nela havia alguns trechos sobre sua avó que publicamos aqui.
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Pérola casou-se com Alberto J. Byington e tiveram dois filhos, Richard e Betsey Ann. Em 1912 a família levou os filhos para estudar nos Estados Unidos. Estourou a guerra e eles não puderam voltar ao Brasil. Com isso, minha avó começou a trabalhar na Cruz Vermelha americana levantando fundos.
A Cruz Vermelha americana estendeu os seus serviços além dos campos de batalha no atendimento aos feridos de guerra. Instituiu campanhas de prevenção de acidentes em casa e no trânsito, e foi pioneira na visitação rural para tratar as famílias distantes da cidade. Pérola pode não ter atuado em todas essas áreas, mas adquiriu, digamos, por “osmose” aquele ambiente de trabalho.
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Quando Pérola voltou ao Brasil, trabalhou na Cruz Vermelha de São Paulo, com a fundadora, Maria Rennotte, companheira de sua mãe no Colégio Piracicabano. Então, com toda essa experiência, aos cinquenta anos, ela inaugurou a Cruzada Pró-Infância junto com Maria Antonieta de Castro, educadora sanitária. Sua finalidade era combater a mortalidade infantil.
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Por muito tempo, as reuniões da Cruzada Pró-infância eram realizadas na casa de Pérola. Na foto, na entrada da residência, as mulheres associadas e benfeitoras da instituição.
A Pérola e sua equipe tinham ideias maravilhosas. Realizavam muitas campanhas, concursos e eventos públicos e de repente a Cruzada caiu no gosto da imprensa.
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Diversos jornais publicavam todas as campanhas da Cruzada. A última campanha, em 1963, pouco antes do falecimento de Pérola foi no canal 9, TV Excelsior. Permaneceu 27 horas no ar. Não sei como, mas alguém inventou um pedágio e todos os taxistas combinaram de passar pelo pedágio naquela noite. Foram muitas ações em benefício à Cruzada Pró-Infância.
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Pérola recebeu inúmeros prêmios e condecorações. Em São Paulo, o hospital Pérola Byington, em sua homenagem, é dedicado ao atendimento da mulher e um núcleo de profissionalização para jovens em situação de vulnerabilidade social. Em sua cidade natal, Santa Bárbara d’Oeste, a avenida onde está sediada a maior indústria de tornos do mundo foi batizada como Avenida Pérola Byington.
Pérola, município do estado do Paraná – antes, distrito do município de Xambrê, foi assim nomeado em sua homenagem, por conta de seu filho Alberto Byington Júnior, um dos sócios da Companhia Byington de Colonização Ltda., empresa que, a partir de 1950, adquiriu terras e colonizou a região.
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Sobre a casa da Avenida Paulista pouco sabemos. Vimos que foi realizada uma reforma em 1927 solicitada à Prefeitura pelo Sr. Alberto Byington.
Como mencionado, por muito tempo, Pérola usava sua casa para reuniões e eventos da Cruzada Pró-Infância. Toda as terças e quartas-feiras ela oferecia um “chá-bridge” às associadas e amigas. Além de recolhimento de donativos, como nesta matéria de 1930 sobre a Semana da Criança, instituída no Brasil por Pérola.
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Encontramos notícias das ações da Cruzada na Avenida Paulista, até o fim da década de 1940 e início dos 50. A família Byington ainda consta na lista telefônica de 1973, portanto não sabemos quando a casa foi vendida.
A família aparece neste endereço nas listas telefônicas a partir de 1920, mas antes disso, em 1917 o local aparece em nome de da família de Willian Speers, um inglês de Newcastle, que veio jovem para o Brasil. Como informação relevante, vamos mencionar a sua passagem pela Avenida Paulista.
Ele rabalhou por 53 anos na São Paulo Railway Company, onde chegou a ser superintende e representante da empresa no Brasil, como podemos ver na notícia abaixo. Em 1910, a casa estava em nome de seu filho J. P. Speers.
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Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!
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