Hoje contaremos parte da história da família e do palacete de Amin Andraus, que ficava na Avenida Paulista no número 1650. Esta linda história, também será contada por uma parenta da família, que é uma senhora muito graciosa, que gentilmente me acolheu em sua casa e, mais ainda em sua vida. D. Marina, serei grata eternamente por sua enorme gentileza!
Eram três irmãos, Abrão e Amin e Calil, libaneses, sócios e proprietários da Casa Três Irmãos, que foi fundada em 1900 e funcionou durante décadas no centro da cidade, com várias filiais em outras cidades.
Além da Casa Três Irmãos, os sócios eram proprietários de uma grande fazenda para o fabrico da seda, que foi comprada da família Petrella, cujo proprietário, Sr. Guiseppe, era o avô de D. Marina. Amim e Abrão moraram na Avenida Paulista.

D. Marina nos conta a história por meio de sua escrita:
Foi comprando tecidos, que Amin Andraus encantou-se por Clara Petrella. Casaram-se dia 24 de janeiro de 1914. Aquele mesmo ano a firma Petrella & Polti, que pertencia a meu avô, foi vendida aos três irmãos Andraus: Abrahão, Calil (Miguel) e Amin.
As famílias Petrella e Polti, voltaram para Itália com todos os filhos a fim de educá-los em escolas da cidade de Como, a cidade da seda e das melhores escolas técnicas no assunto.

Clara, uma das filhas dos Petrella, permaneceu no Brasil, casada com Amin e dona de um terço da antiga fábrica de seu pai, naqueles dias dos três irmãos Andraus.
Transcorreram 10 anos. Aconteceu a Primeira Grande Guerra. Após a guerra inicia-se um intercâmbio de mercadorias finíssimas (tecidos), vindos da Itália entre os Petrella e os Andraus.

Em 1922 volta ao Brasil, Alfonso Guido Petrella, formado como Perito Contador e Perito Textil. É contratado pela firma dos Andraus.
Em 1924, volta ao Brasil, Armando Mário, competentíssimo Perito Têxtil. Tem um amigo Felice Prosdocimi, excelente químico, ambos jogavam foot-bol em Como.
Alfonso Guido e Mario, naquele tempo moravam na casa da irmã Clara e do cunhado Amin Andraus, à Rua Bela Cintra 756, a casa fora ampliada para receber os dois rapazes.
Os três rapazes contratados pela firma dos 3 irmãos Andraus, lançam a firma Andraus ao mais alto grau de excelência em seda. Guido, Mario e Felice, foram considerados o máximo e dizia-se na época que eram os técnicos que “cheiravam á leite” de tão jovens que eram.
Amin, Clara e os 4 filhos partiram em direção à Itália para finalmente Clara rever seus pais e as irmãs. Os filhos René, que deveria ter uns 10 meses, Martha, 3 anos, Raul 4 amos e Roberto 6 anos. Depois seguiram para o Líbano, a fim de Amin apresentar sua família a seus pais. Devia ser o ano de1923.
Tornaram a viajar quando levaram Roberto e Alberto, filho do irmão Calil, para ficar com os avós Petrella e estudar na Itália em 1926. Voltariam pela última vez em 1932.
Multiplicaram-se as lojas chamadas Casa dos Trez Irmãos (Andraus), que tinha a matriz na Rua Direita, e filiais no Rio de Janeiro, São Paulo, Santos etc.
Prosseguindo com a história empreendedora dos irmãos. No dia 6 de junho de 1929, o jornal Diário Nacional publicou uma matéria sobre a visita do Ministro da Agricultura à fábrica de seda. Calil e Amin receberam o grupo: ministro, secretário, assessores, padre, imprensa, entre outros convidados.
O grupo visitou todas as áreas do processo fabril: laboratórios, pesquisas, empacotamento, fiação e estamparia. Segundo a reportagem: A fábrica era a maior do Brasil e talvez a maior da América Latina.

Voltando para a casa da Avenida Paulista.
A mansão de Amin era esplendorosa, tanto que foi registrada na famosa Revista Life, em 1947, fotografada pelo fotógrafo Dmitri Kessel.

Mas o que nos surpreendeu, de forma inédita, são as imagens da fachada e dos ambientes internos do casarão que foram gentilmente mostrados por D. Marina. Uma maravilha, de estilo eclético com muitos elementos de decoração libanesa. Vamos ver!?








Em um anúncio do Correio da Manhã, verificamos que depois, nos anos 1950, o endereço foi ocupado por uma empresa de construção civil chamada Hedeager Bosworth do Brasil S.A. – Engenharia, Arquitetura e Construções.
Anos depois teve o nome alterado para Hoffmann Bosworth Engenharia S/A, empresa que trabalhava com loteamento de terras e construção civil de fábricas e sedes de grandes empresas, tendo como presidente o Sr. Charles Sampson Bosworth.
Os filhos de Amin, Roberto, Renê e Raul, enveredaram para a área de construção civil, abrindo a OCIAN – Organização Construtora Incorporadora Andraus.
A empresa foi responsável por inúmeras construções na Baixada Santista, como mostra a reportagem do lançamento do edifício Santa Clara, em Santos, nome dado em homenagem à esposa de Amin e mãe dos irmãos Andraus.

A empresa também ficou conhecida por planejar e construir uma “cidade”: a Cidade Ocian, que fica na Praia Grande e, em São Paulo, levantar o Edifício Andraus. Uma curiosidade sobre o edifício: iria se chamar “Edifício 50”, por ser o quinquagésimo a ser erguido pela construtora Ocian, porém a construtora acabou optando por homenagear seu fundador.
Depois disto sabemos que a casa da Avenida Paulista foi demolida e, por muito tempo, lá funcionou um estacionamento. No momento, uma nova torre está sendo levantada pela construtora ZKF!

Mas essa história sempre será maravilhosa! Pela gentileza, disponibilidade e amabilidade, dedicamos esse artigo da Série Avenida Paulista a querida D. Marina e preservamos assim a linda história de sua família!
Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!
2 thoughts on “Esplendor é a casa de Amin Andraus”
Carlos Ferreira
Gostei do site. A história da cidade que poucas pessoas sabem. Parabéns
CFerreira
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Luciana Cotrim
Muitíssimo obrigada pelo comentário. Que bom que gostou!
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