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  • Primeira Bienal aconteceu na Avenida Paulista

    Posted at 16:37 by Luciana Cotrim, on julho 28, 2020

    Em 1951 o Belvedere Trianon chegou ao fim. Foi demolido para ceder espaço à 1ª Bienal de Arte Moderna da cidade.

    A primeira edição ocorreu devido aos esforços do empresário e mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho e de sua esposa Yolanda Penteado.

    Início da construção do pavilhão da I Bienal Internacional de Arte Moderna.

    Concebida no âmbito do MAM/SP, a primeira Bienal foi inaugurada em 20 de outubro na esplanada do Trianon. O espaço, projetado pelos arquitetos Luís Saia e Eduardo Kneese de Mello, deu lugar a 1.800 obras de 23 países, além da representação nacional.

    Para contar um pouco de sua história, mostrando belas imagens do local e da exposição, vamos apresentar trechos do artigo ” O pavilhão da I Bienal do MAM SP – Fatos, relatos, historiografia e correlações com o Masp e o antigo Belvedere Trianon”, de autoria de Fausto Sombra, publicado em 2016 no site Vitruvius.

    O MAM e a ideia da Bienal

    A decisão pela constituição de uma expressiva exposição de arte moderna na capital paulista, dentre outros relatos e proposições (15), “teria surgido de uma atitude intempestiva de Ciccillo” ao saber, pelo pintor italiano Danilo Di Petre, que Pietro Maria Bardi procurava organizar uma mostra internacional. Tão logo, Ciccillo – que também pretendia promover evento similar em 1954, por ocasião das festividades do 4º Centenário –, rapidamente recorreu à impressa anunciando a idealização da I Bienal, a realizar-se no ano seguinte, em 1951.

    “Ao ‘Museum O Modern Art’ de New York foi atribuída a incumbência de proceder a organização da delegação oficial norte-americana à Iª Bienal de S. Paulo. A seleção das obras dos 58 artistas estadunidenses […] foi feita por uma comissão especial, integrada pelos diretores dos oito principais Museus e Galerias norte-americanos (..).

    Cicillo (à esq.) e Nelson Rockefeller. Acordo entre MAM/SP e MoMA, NY, 1951 – Foto Leo Trachtenberg / Trayton Studios [Acrópole, n.158, jun.1951 / Arquivo Histórico Wanda Svevo – Fundação Bienal de São Paulo]

    Paralelamente às articulações políticas necessárias para a promoção da I Bienal – que contaram também com a influência de Yolanda Penteado e da escultora Maria Martins (24), e as iniciais e constantes articulações do escritor Sérgio Milliet (25), primeiro Secretário da exposição –, seus organizadores buscavam estabelecer, nos primeiros meses de 1951, o local para acolher a exposição que se pretendia.

    Publicado no jornal Folha da Manhã, de 22 de abril de 1951, o artigo “Adaptar-se-á o Trianon para a próxima Exposição Internacional de Arquitetura”, provavelmente foi um dos primeiros meios a divulgar o esquema do projeto do pavilhão, ocasião que além do croqui de autoria de Luís Saia, um breve texto elucidava os planos almejados:

    “Conforme noticiamos há dias, em outubro vindouro realizar-se-á em São Paulo uma Exposição Internacional de Arquitetura, sob o patrocínio do Museu de Arte Moderna. […] O local da mostra será no Trianon, na av. Paulista, para cujo fim já se cogita da sua adaptação. Da foto acima, vemos um desenho do ante-projeto para a aludida reforma, de autoria do Eng. Luís Saia, membro da comissão organizadora do referido conclave. Cogita-se, assim, transmudar a arquitetura do Trianon para linhas mais modernas, promovendo-se a cobertura da área descoberta daquele logradouro público, a fim de aumentar sua capacidade para a Exposição Internacional de Arquitetura” (26).

    Estudo para a fachada posterior do pavilhão da 1ª Bienal. Luís Saia [Acrópole, n.157, mai.1951 / Arquivo Histórico Wanda Svevo – Fundação Bienal de São Paulo]

    “Terão início, nesses dias, os trabalhos de construção da sede da I Bienal do Museu de Arte Moderna. O projeto de autoria dos arquitetos Luis Saia e Eduardo Kneese de Mello, prevê a cobertura da esplanada do Trianon, na Avenida Paulista – o que assegura o aproveitamento de 2400 metros lineares para a exposição – e a utilização dos salões inferiores para escritórios, depósitos, bar e serviços em geral. Contíguos aos salões da exposição, haverá um auditório e uma sala de recepção. A divisão dos salões será feita a base de painéis eis moveis que permitirão a melhor locação das obras.

    O local escolhido para sede da I Bienal, cedido pela prefeitura de São Paulo que patrocina a manifestação, é sem dúvida, o mais indicado para uma iniciativa dessa ordem. O estilo da construção – sóbrias linhas modernas – não quebrará a perspectiva da paisagem que se descortina da Avenida 9 de Julho” (28).

    Fachada do pavilhão da 1ª Bienal – Hans Gunter Flieg, 1951 [Acervo Instituto Moreira Salles]
    Foto: Werner Haberkorn. Acervo Museu do Ipiranga.

    Na foto aérea acima, podemos ver o grande pavilhão construído para a I Bienal, no local onde era o Belverder Trianon demolido no mesmo ano de 1951.

    O pavilhão da I Bienal

    Superados os processos iniciais de escolha, adaptação e ampliação das instalações do Trianon, transformado para acolher as diferentes categorias da I Bienal: Exposição de Artes Visuais, Festival Cinematográfico, e a Exposição Internacional de Arquitetura, e passado os demais diversos trâmites político-administrativos necessários para a realização da exposição, dos quais relevantes informações seriam sistematicamente divulgadas através dos informativos e boletins mensais da revista Acrópole, entre os meses de maio a outubro de 1951 – como a divulgação dos regulamentos e as normas gerais; a confirmação de novas delegações; valores das premiações; concurso do cartaz oficial do evento (30); e outras mais importantes veiculações –, a inauguração da I Bienal do MAM/SP se deu num sábado chuvoso (31), às 18h do dia 20 de outubro de 1951 (..).

    Cartaz oficial do evento

    A história oficial do evento, contudo, não nos aponta certas informações para nós relevantes, como o rápido processo de execução e conclusão das obras gerais do pavilhão, fato que a nosso ver se relaciona diretamente com a forma final do edifício: um grande prisma de poucas aberturas, com aproximadamente 85 x 38m, características que aliadas a outros elementos logo levariam o povo a apelidar o edifício de “caixotão” e os intelectuais de “Muro de Sartre” (33).

    Fachada do pavilhão da 1ª Bienal – Foto Hans Gunter Flieg, 1951 [Acervo Instituto Moreira Salles]
    Vista posterior do pavilhão da 1ª Bienal – Foto Hans Gunter Flieg, 1951 [Acervo Instituto Moreira Salles]

    Internamente as fotos apontam para utilização de assoalho de madeira, sendo os painéis expositores suspensos e estruturados por perfis metálicos. No teto observamos contínuas luminárias que mantinham certo afastamento do forro, proporcionando iluminação indireta na laje expositiva e contribuindo para o arranjo flexível dos painéis que estruturavam as obras.

    Interior do pavilhão da 1ª Bienal -Foto divulgação [Arquivo Histórico Wanda Svevo – Fundação Bienal de São Paulo, Cav. Giov. Strazzi, 1951]

    No tempo da Bienal

    A I Bienal fechou a suas portas no dia 23 de dezembro de 1951 (42). Artigos publicados na época revelam que o público que prestigiou a exposição girou em torno de 70.000 a 100.000 visitantes. Impressionando pelos reduzidos prazos que envolveram sua organização, pela elevada participação das delegações estrangeiras e seus reconhecidos artistas e obras, e por anteceder em três décadas as bienais de arquitetura realizadas pela Bienal de Veneza, esse grandioso evento esteve sujeito as mais diversas críticas, inclusive direcionadas ao próprio pavilhão que fora o palco oficial da exposição.

    Sobre o autor

    Fausto Barreira Sombra Junior é arquiteto urbanista formado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2002). Cursou o master “El Proyecto: aproximaciones a la arquitectura desde el medio ambiente histórico y social”, pela UPC Barcelona (2008), e é mestre, com auxílio da Fapesp, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2015).

    Referências

    15 – Sobre outras proposições acerca do responsável pela ideia da I Bienal, ver: AMARANTE, Leonor. As Bienais de São Paulo, 1951-1987. Projeto, São Paulo, 1989, p. 13; D’HORTA, Vera. MAM: Museu de Arte de São Paulo. São Paulo, Fundação Bienal de São Paulo/DBA Artes Gráficas, 1995, p. 25-46; AMARAL, Aracy. Arte para quê? : a preocupação social na arte brasileira, 1930-1970: subsídios para uma história social de arte no Brasil. São Paulo, Studio Nobel, 2003, p. 236-237.

    24 – Na recente exposição em homenagem a Yolanda Penteado, Maria Martins é lembrada como importante articuladora da I Bienal: “Munida de dossiê, Yolanda aceita o desafio de fazer uma bienal em 1951 […]. Seu traquejo social, associado aos contatos de sua amiga Maria Martins (escultora e esposa de Carlos Martins, embaixador do Brasil em Washington, entre 1939 e 1948), permite a articulação com diversos países na I Bienal”. MANTOAN, Marcos; MATIAS, Alecsandra (cur.). Yolanda Penteado, a dama das artes de São Paulo. São Paulo, Solar da Marquesa de Santos, Centro, de 09 abr. a 10 dez. 2016.

    25 – “Desde o final dos anos 30, Milliet e Mário de Andrade anunciavam a necessidade da criação de um museu de arte moderna em São Paulo. Foi na Biblioteca, com a Seção de Arte organizada por Milliet, que se iniciaram as bases essenciais para a criação do MAM”. OLIVEIRA, Rita Alves. Op. cit.

    26 – Adaptar-se-á o Trianon para a próxima Exposição Internacional de Arquitetura. Folha da Manhã, São Paulo, 22 abr. 1951, p. 11.

    28 – I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo sob o patrocínio da Prefeitura Municipal, outubro-dezembro de 1951, regulamento – normas gerais. Acrópole, n. 157, São Paulo, maio 1951, p. 3-4.

    31 – “Chovia intensamente no dia da inauguração da I Bienal, molhando igualmente, enquanto os portões não se abriam, os diplomatas e suas esposas e os mais humildes representantes do povo, todos imanados no mesmo interesse pela arte no Mundo, pela primeira vez representado daquela maneira em São Paulo”. Artistas protestaram em 1951. O Estado de São Paulo, São Paulo, 22 set. 1967, p. 9.

    33 – AMARANTE, Leonor. Op. cit., p. 12.

    42 – MIRANDA, José Tavares de. 100 mil pessoas visitaram a I Bienal. Folha da Noite, São Paulo, 24 dez. 1951, p. 3.

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