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  • A casa de Claudio Monteiro Soares era do Martinelli

    Posted at 21:33 by Luciana Cotrim, on novembro 7, 2021

    Neste texto da Série Avenida Paulista contaremos a história da casa 118, que pertenceu a algumas famílias e, passou anos, sendo propriedade da família Monteiro Soares e, atualmente, o terreno é ocupado pelo Edifício Torre Paulista.

    Depois deste casarão

    Edifício Torre Paulista

    O primeiro registro que temos desta casa data de junho de 1916, quando o Sr. Austin de Almeida Nobre recebe autorização da prefeitura para construir a casa e, em 1917, seu nome já aparece incluso na lista telefônica da época. Ele era um advogado e foi vereador por duas legislaturas, tendo sido secretário da Câmara dos Vereadores em 1930.

    Em 1920, na lista aparece o nome de Giuseppe Martinelli, o mesmo que construiu o famoso Edifício Martinelli, que iniciou em 1924, sendo a construção o seu empreendimento mais célebre. O edifício foi o primeiro arranha-céu de São Paulo. A construção do edifício foi cercada de polêmicas. Originalmente projetado para ter 12 andares, ele acabou sendo finalizado com 30 pavimentos. Por muitos anos, foi o prédio mais alto da América Latina.

    Em 1929, Giuseppe Martinelli mudou-se para o edifício com a família. Estava, enfim, vendo seu sonho realizado. Ele acreditava que a elite da sociedade paulistana na época se encantasse com o projeto, muitos deles seguindo para morar lá também. inicialmente o Martinelli era dividido em três partes: na rua Líbero Badaró era a parte residencial do edifício, voltada à ala rica da cidade. Na Rua São Bento ficava a área comercial e a entrada da São João abrigava o Hotel São Bento e os salões Verde e Mourisco muito frequentado pela alta sociedade paulistana da época.

    Giuseppe Martinelli

    Em 1927, na mesma lista telefônica, aparece como proprietário o Sr. Claudio Monteiro Soares. Sua família morou por muitos anos na casa. Então, vamos à sua história!

    Claudio Monteiro Soares era filho de Antônio Monteiro Soares e de D. Presciliana dos Santos Soares, nasceu na cidade de Santa Branca, em São Paulo em em 25 de maio de 1877.  Em junho de 1906 casou-se com Zenobia Alvarenga Monteiro Soares e, com ela, teve os filhos Zelina, Helena e Claudio Jr.

    A única imagem que conseguimos da família é esta do corso na Avenida Paulista. É possível que sentado ao lado do motorista seja Claudio Monteiro Soares e atrás a sua família

    No final da década de 1890, o empresário já mantinha uma charutaria chamada Selecta, no Largo do Rosário, no centro da cidade. Por muitos anos, publicou anúncios de jornal divulgando o comércio.

    Lançou uma marca, Aspasia, para cigarros de papel que comercializou em seu estabelecimento. Ficou famoso por confeccionar cigarros de palha com as iniciais do cliente. Neste período chegou a ser vice-presidente da Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio de São Paulo.

    Pouco tempo depois, Claudio Monteiro Soares, começou a aparecer em notícias relacionadas às aquisições de terrenos, prédios e construções na cidade.

    Edifício na Praça do Patriarca esquina com Rua São Bento, que foi projetado para a Condessa Alvares Penteado, Armando Alvares Penteado e Cláudio Monteiro Soares. Data da segunda metade da década de 1920. O bloco da condessa, atualmente pertencente à FAAP e passou a ser denominado Edifício Lutetia. Acervo: Coleção Escritório Técnico Ramos de Azevedo – Biblioteca da FAU-USP

    Permaneceu por muitos anos no ramo imobiliário, como um grande investidor que adquiriu muitos terrenos e casas em todas as regiões da cidade, como podemos ver nas várias notícias do jornal Correio Paulistano, na imagem abaixo.

    Claudio Monteiro Soares também fez muitos negócios imobiliários com a prefeitura municipal. No início, vendia terrenos ao município e, anos depois, por força da lei, teve de doar muitas áreas para abertura de ruas.

    Comprou muitos lotes de terra nos bairros de Pinheiros e Vila Nova Conceição, que devem o início da urbanização por sua iniciativa, no primeiro há uma rua com seu nome, Rua Claudio Soares, que começa na Rua Pinheiros e termina na Rua dos Cariris. Comprou muitos outros terrenos distantes do centro da cidade, como a Vila Carrão e, desses seus terrenos, foi construído o bairro da Vila Zelina, que foi batizado para fazer uma homenagem para a filha de Cláudio e Zenobia.

    Cartaz de festa na Vila Zelinda, com o nome de Cláudio Monteiro Soares

    Até 1927, essa região era chamada de Baixos do Embaúba. Em outubro de 1927, Cláudio Monteiro Soares Filho encarregou Carlos Corkisco, um recém-chegado imigrante russo, a tarefa de lotear e vender terrenos. Esperto e poliglota – fluente em russo, lituano e polonês – Carlos foi até a Hospedaria dos Imigrantes, na Mooca, para convencer compatriotas a habitar o novo bairro.

    O resultado é que, segundo moradores do bairro, a Vila Zelina concentra a segunda maior colônia lituana do mundo – perdendo apenas para Chicago, nos Estados Unidos.

    A paróquia São José da Vila Zelina, no centro do bairro.

    A paróquia de São José, igreja católica, foi fundada em 1936, construída pelos próprios imigrantes em um terreno doado por Claudio Monteiro Soares Filho, na Praça República Lituana, no centro de Vila Zelina.

    A filha Zelina foi casada com o Sr. Firmiano de Morais Pinto Filho, que era filho de Firmiano de Morais Pinto, que foi deputado federal e prefeito de São Paulo, no período de 16 de janeiro de 1920 a 15 de janeiro de 1926. Ele foi casado com Cândida Botelho, filha do Conde e da Condessa do Pinhal.

    A filha do casal, Helena Morais Pinto, que morou muitos anos na casa da Paulista, conta em um vídeo, que seu avô por parte de mãe, Claudio Monteiro Soares era dono do Edifício Martinelli – e foi de Giuseppe Martinelli que também comprou a casa.

    Helena Morais Pinto na casa da Avenida Paulista, provavelmente, na década de 1960.

    Ela diz que, naquele tempo, era maravilhoso morar na avenida, como tantas outras famílias da elite paulista.  Sua casa era grande, tinha 30 metros de frente por 100 metros de fundo. A família tinha 8 empregados, jardineiro, copeiro, cozinheira, ajudante, e um só para lavar o carro. Porém, um dia, isso acabou, junto com a falta de dinheiro, e ela se mudou para um apartamento bem menor, como aconteceu com tantas outras famílias que moravam na Paulista. A casa da família foi vendida e demolida para a construção do edifício Torre Paulista.

    Trecho retirado do belo vídeo intitulado “Memória Em Pedaços – Avenida Paulista”, que apresenta vários depoimentos de descendentes das famílias originárias dos casarões da Avenida, inclusive o de Helena Morais Pinto. Vale conferir!

    Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!

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    Autor: Luciana Cotrim

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    Postado em Casarões, Sem categoria | 3 Comentários | Marcado Avenida Paulista, Claudio Monteiro Soares, Selecta, Vila Zelina |

    3 thoughts on “A casa de Claudio Monteiro Soares era do Martinelli”

    • Avatar de Francisco Eduardo Britto

      Francisco Eduardo Britto

      26 26America/Sao_Paulo novembro 26America/Sao_Paulo 2021 às 17:46

      Que história saborosa! Fiquei com uma dúvida: no começo do texto diz que a filha de Claudio Monteiro era Zelinda. Mas o nome do bairro é Vila Zelina… Nomes diferentes? Por volta de 1981, fazendo cursinho do Objetivo, ficava na escadaria da Gazeta observando o Torre Paulista, pensando que poderia andar de skate em sua arquitetura curva… rsrs. Parabéns pelo registro!

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      Responder
      • Luciana Cotrim

        26 26America/Sao_Paulo novembro 26America/Sao_Paulo 2021 às 20:06

        Francisco, muito obrigada pelo comentário, uma graça! Você está certo: foi um erro de digitação: o correto é Zelina. Vou corrigir. Agradeço pr avisar.

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      A Série Avenida Paulista conta as histórias dos casarões e das famílias que moravam na avenida e, também, dos edifícios que foram  construídos em seus lugares.

      Escrita por Luciana Cotrim, a série conta a história de mais de 80 casarões do século XX e dos edifícios atuais.

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