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  • O palacete de Alessandro Siciliano na Av. Paulista

    Posted at 16:41 by Luciana Cotrim, on junho 11, 2022

    Hoje vamos conhecer o palacete de Alessandro Siciliano que ficava na Avenida Paulista, 807, na esquina da Alameda Joaquim Eugênio de Lima. O imóvel deu lugar ao Edifício Winston Churchill – local onde ficam vários bares que, por muito tempo, foi conhecido com a prainha de São Paulo. Hoje a Paulista inteira é a praia dominical da cidade, não é mesmo?!

    Depois deste casarão

    Edifício Winston Churchill

    Alessandro Vincenzo Siciliano, nasceu em San Nicola Arcella, Calábria, na Itália em 17 de maio de 1860. Aos 9 anos de idade saiu da Itália, junto com seus pais, Biágio Caetano Siciliano e Teresa Alario, desembarcando em Santos, em busca de melhoria de vida no Brasil.

    O jovem Alessandro Vincenzo Siciliano

    Jovem, morando no Brasil, onde ainda havia a escravatura, tornou-se um entusiasta da abolição. Comerciante nato, iniciou a vida dos negócios, em que alcançou notável êxito.  Conquistou, à custa de muito empenho e trabalho, algumas vantagens na indústria do café, inclusive patenteando uma invenção para beneficiar café e arroz, que fez muito sucesso.

    Compania Mecanica Importadora

    Em sociedade com Francisco Siciliano, seu irmão, fundou, em 1887, no bairro do Pari a Companhia Mecânica Importadora. A chegada da empresa transformou por completo a fisionomia do bairro. Foi um negócio de sucesso que só foi “aumentando sua produção de pontes metálicas, de máquinas para beneficiar café e de grandes peças metálicas para moinhos” (Fonte: Manera, em Piccazio, 1992). O empresário fez muito dinheiro com essa fábrica, que contava com filias em Santos e Rio de Janeiro.

    A indústria cresceu velozmente, ampliando a produção com postes para iluminação pública, material ferroviário, de grande significado à época, face à expansão da rede de ferrovias, particularmente em São Paulo. Também se mostrou um grande importador de material de material cerâmico e sanitário, de produtos de ferro e, inclusive, de automóveis com a marca FIAT.

    Segundo o Jornal do Comércio, ele tinha “uma grande serraria a vapor, uma construtora e empreiteira e a Sociedade de Produtos Químicos L. Queiroz, entre outras atividades”.  Empreendedor dinâmico, assumindo riscos, Siciliano prosperou nos negócios, tornando-se um cidadão respeitado na sociedade paulistana.

    Torneira pública fabricada pela Companhia Mecânica e Importadora de São Paulo (Jacutinga – MG). Fotos: Marta Iansen.

    Em 1903 idealizou um projeto ousado para a formação de um consórcio de exportadores de café que visava levantar fundos com banqueiros europeus com o objetivo de financiar a retenção de estoques e barrar a queda nos preços do café, que geraria a valorização do produto nacional.

    Mais tarde, em 1906, esse projeto também foi adotado pelo Governo de São Paulo, que ficou conhecido pelo nome de Convênio de Taubaté e acabou se tornando um acordo entre os Governos de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, os três maiores produtores do produto no Brasil.  Anos depois, verificou-se que o Convênio ficou mais famoso do que os resultados que realmente produziu, que não impediram a crise do café, de 1929, por falta de mercados, decorrência da crise econômica mundial daquele ano.

    O grande empresário foi também diretor do Banco Francês-Italiano e fundou o Banco Italo-Brazileiro, foi Presidente da Câmara Italiana de Comércio e diretor-tesoureiro da Sociedade Paulista de Agricultura e Comércio e do Centro Industrial Paulista. Foi um dos diretores fundadores da Associação Comercial, instituição exclusivamente brasileira, com um único estrangeiro, ele mesmo.

    Por sua dedicação e pelos investimentos que fazia em sua terra Natal, entre as façanhas do empresário ítalo-brasileiro, conseguiu receber a condecoração pelo Rei da Itália, Vitor Emmanuel III, com os títulos de Cavaleiro, Comendador e Grande Oficial da Coroa da Itália. Em 5 de agosto de 1916, ele também foi agraciado com o título de Conde Siciliano dado pelo Papa Benedito XV, que posteriormente foi passado para seus descendentes primogênitos masculinos.

    Alessandro Siciliano casou-se com a neta do coronel Frutuoso José Coelho, Laura de Mello Coelho, em Piracicaba a 23 de abril de 1881. Nascida de importante família da aristocracia paulista, mais tarde ela se tornou Condessa Siciliano.

    O casal Siciliano

    O casal teve 04 filhos: Violeta, Alexandre, Paulo e Anna Theresa, esta última, tornou-se a avó-materna de Marta Suplicy. Na foto abaixo, ao lado direito do comendador está seu filho Alexandre Junior, a moça ao lado dele é Violeta e ao lado dela, Paulo e a esposa, Elsie Florence e, a moça do lado oposto, à esquerda, é Anna Theresa.

    O palacete da Avenida Paulista em que morava a família foi construído em 1896. A residência foi projetada pelo escritório de Ramos de Azevedo e Luiz Anhaia Mello, que foi aluno e sócio de Ramos de Azevedo, era também proprietário inicial do terreno.

    Acima o projeto da casa realizado por Luiz Anhaia Mello. Por alguma razão ele não ficou no casarão, talvez tenha comprado para investir, e em 1911 o imóvel foi vendido ao já industrial e banqueiro, Alexandre Siciliano.

    Acervo: Coleção Pcastagnet

    O imóvel ficava localizado no número 126 da Avenida Paulista, onde hoje é o atual número 807. Tratava-se de uma grande área construída, com vários cômodos muito amplos, sala de leitura, sala de jantar, salão de jogos e dependências externas para acomodação de empregados, além da garagem e amplo jardim, como mostram as imagens abaixo e, ma primeira imagem, ao fundo, o portão que dava para a Alameda Santos e, na segunda, o fundo do casarão.

    Podemos ver abaixo vários ambientes do palacete de Sicilano e observar a exuberante decoração de cada um deles. As diversas salas e o salão de jogos.

    O grande empresário morreu no dia 19 de fevereiro de 1923, aos 63 anos de idade, no Rio de Janeiro. Seu falecimento causou grande impacto na cidade de São Paulo, fato que levou uma grande multidão a aguardar a chegada de seu corpo na Estação da Luz, para as últimas homenagens. Dali, o caixão seguiu até o Sagrado Coração de Jesus, onde foi feita uma grande missa fúnebre. Após o término da cerimônia, seu corpo seguiu até o Cemitério da Consolação. O seu túmulo, que está na rua 22, terrenos 3 e 4, é destaque de arte tumular e é visitado por turistas.

    Após a sua morte, o palacete do Conde Alessandro Siciliano duraria mais algumas décadas até ser demolido. Nos anos 1970, o palacete foi uma das primeiras mansões a cair na Avenida Paulista, quanto esta começou a se valorizar, com o preço do terreno cada vez mais alto e vantajoso.

    Para encerrar essa história, tivemos a participação de uma leitora, uma das bisnetas de Alessandro Siciliano, D. Beatriz, que com gentileza compartilhou algumas memórias da famílía. Agradecemos a ela por esse compartilhamento:

    Quem morou lá por anos foi meu avô Paulo com minha avó Elsie ela era inglesa e meu avô brasileiro, ele foi tomar conta da exportação de carnes do frigorífico que era da família e conheceu minha avó.

    Esse terreno dava para Av. Paulista, para uma rua lateral e a de trás, quase meio quarteirão. Meus avós saíram dessa casa poucos anos antes de eles falecerem, meu tio avô estava internado numa clínica aqui no Rio, com meus pais sempre estando com ele. Só que ficou com Alzheimer e naquela época 1960 e pouco não existiam os remédios e modernidades de hoje em dia. Os sobrinhos acompanharam de perto toda doença dele.

    Sei o que meus pais contaram e, sendo filha mais velha e sempre interessada na história de nossa família, eu sempre perguntava. O que posso dizer que meu pai dizia que todo sábado tinham reuniões com jantares, orquestra e todos vestidos a rigor. Era outra época e outros tempos. Sei que meu 1º aniversário foi nessa casa da Avenida Paulista.

    Meu pai veio para o Rio de Janeiro tomar conta de uma das indústrias herdadas de meu bisavô, uma fábrica de papel, quando chegou estava muito mal. Meu pai conseguiu recuperá-la e, em 1965, estava entre as 500 maiores indústrias do país. E era da nossa família a Editora Abril, que depois teve o Civita sócio dessa empresa.

    Outra história é que meu bisavô tinha uma metalúrgica que fez todos os postes antigos do Rio de Janeiro, aqueles com uma ou duas luzes. A Ilha fiscal até hoje tem esses postes.

    Poste da ilha fiscal, ao fundo a cidade do Rio de Janeiro.

    Meu pai era um que herdou do meu bisavô o jeito de tratar seus empregados e os operários da fábrica gostavam muito dele. Ele e eu fizemos as flores que estamparam o Floresse, marca de papel higiênico. Ele que introduziu o papel higiênico macio, melhor, quando por aqui chegou o papel era aquele rosa, muito grosseiro. Fez uma enorme modernidade na fábrica, fazendo tratamento de água e, também, produzia energia elétrica. Fez uma pequena usina elétrica lá.

    Do meu bisavô não tenho muito o que relatar só que me orgulho demais de descender dele um homem que foi muito importante para São Paulo e o Brasil. Sei que foi um homem de muito prestígio e visão na época que viveu, fez uma fortuna com seu trabalho e inteligência.

    Minha mãe costumava dizer “seu bisavô tinha o toque de Midas”. Ele era uma pessoa do bem, ajudava muito a todos. Por isso São Paulo parou quando ele faleceu repentinamente aqui no Rio ….

    Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!

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    Autor: Luciana Cotrim

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    Postado em Casarões, Sem categoria | 1 Comentário | Marcado Avenida Paulista, Ramos de Azevedo, Siciliano, Winston Churchill |

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      A Série Avenida Paulista conta as histórias dos casarões e das famílias que moravam na avenida e, também, dos edifícios que foram  construídos em seus lugares.

      Escrita por Luciana Cotrim, a série conta a história de mais de 80 casarões do século XX e dos edifícios atuais.

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