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  • Na esquina com a Augusta, o Gymnasio Anglo-Latino

    Posted at 00:43 by Luciana Cotrim, on janeiro 9, 2020

    A Série Avenida Paulista conta a história do Gymnasio Anglo-Latino, que ficava localizado em uma das esquinas mais importantes da avenida, a esquina com a Rua Augusta. Lá também foi a Escola Pais Leme e, atualmente, o Edifício Safra, que serão tema das nossas próximas publicações.

    Depois deste casarão

    Colégio Pais Leme


    A história começa ainda no século 19, precisamente em 1893, quando o professor português Antônio Maria Guerreiro veio para o Brasil. O professor mantinha em Portugal uma escola, que trouxe para o pais. Fundou em São Paulo a Escola Guerreiro, que oferecia vários cursos e, também, a educação formal, com internato, semi e externato, localizada na Rua Pirapitinguy, onde permaneceu até meados da década de 1910.

    A primeira notícia que temos da Avenida Paulista, 27, é um projeto arquitetônico feito em nome de João Brícola, que mostra a lateral da casa

    Mas antes da Escola Guerreiro se instalar, vimos que João Bricola fez um projeto de moradia para o endereço.

    Ele nasceu em 26 de outubro de 1853, em São Paulo, filho de João Briccola, antigo comerciante e conceituado banqueiro em São Paulo, e de D. Natalina Fenila Briccola. Ele estudou na Inglaterra, onde se diplomou contador. Ao voltar ao Brasil foi trabalhar na Santa Casa de Misericórdia, como tesoureiro, permanecendo lá por 29 anos.

    João Brícola, 1914. Autor: Nicolo Petrilli. Óleo sobre tela, 120 X 85cm 

    Era casado com D. Josefina Paes Bricola, com quem teve dois filhos. Como investidor, conseguiu formar grande fortuna, grande parte doada para a Santa Casa após a sua morte. Morador de um palacete onde hoje se encontra o Edifício Atino Arantes, vulgo Banespão e, atualmente, Farol Santander, não há informação se ele chegou a morar na casa da Paulista, mas em 1917 ela teria sido alugada ou vendida ao Sr. Hans Japp.

    Voltemos ao Gymansio Anglo Latino e ao Sr. Antonio Maria Guerreiro.

    Guerreiro nasceu em em 1859, na cidade de Lanhelas, em Portugal. Fundou a Escola Esposende, tendo migrado para o Brasil, provavelmente nos anos 1910, tornando-se professor no Rio de Janeiro, Santos, até se estabelecer definitivamente em São Paulo, com a abertura de seu colégio.

    Usava um método pessoal a que chamava de “Escola Nova”. A sua escola levou várias denominações, mas ele afirmava sempre que era a sucessora da “Escola Guerreiro fundada em 1893”. O prof. Guerreiro foi maçom, republicano e um líder da comunidade portuguesa em São Paulo.

    Em anúncio publicitário, de 1919, em que vemos na foto os alunos, professores e o diretor, o nome da instituição é Escola Guerreiro e Collegio Potuguez. O texto afirma que a sede da escola é uma “installação no melhor bairro de São Paulo, com conforto que offerece aos alunos.”. Muito provavelmente foi um pouco antes deste ano que a Escola ocupou o palacete localizado na Avenida Paulista, número, 27.

    Após a Primeira Guerra Mundial, em 1920, o Professor Guerreiro renomeou a instituição com o nome Ginásio Anglo-Latino, uma homenagem aos aliados que venceram a guerra.

    Um anúncio de janeiro de 1920, mostra a belíssima construção, já com a fachada da planta acima, e frondosos jardins ao redor.

    O anúncio publicado na Revista A Cigarra refere-se ao lugar desta forma, com o português da época: “Um aspecto do elegante palacete em que funcciona o acreditado Gymnasio Anglo-Latino (Antiga Escola Guerreiro) amplamente installado, com vasto jardim ao redor, e provido de todos os requisitos de hygiene, educação e instrucção, à Avenida Paulista, n. 27”.

    Na primeira quinzena de fevereiro de 1928, em outra publicação na mesma revista, aparece o Prof. Guerreiro, ao centro, discursando nas festividades do dia 15 de novembro, dia da Proclamação da República. Aqui já aparece no novo edificio da escola.

    Tanta dedicação que até seu filho, Porfírio Antonio Couto Guerreiro, também foi professor e era vice-diretor do Gymnasio Anglo-Latino até seu falecimento em 1932. O Prof. Guerreiro morreu em São Paulo, em 1936, e foi sepultado no Cemitério do Araçá.

    Como mostra o anúncio de dezembro de 1936, a escola já tinha mudado para o lindo prédio, em estilo art-deco, na Avenida Liberdade e, neste período, seu diretor havia mudado: era o Prof. Carlos de Paiva Carvalho. 

    Não sabemos até quando o ginásio permaneceu na Avenida Liberdade, mas sabemos que deu origem ao que hoje conhecemos como cursinho Anglo-Latino. O site da escola de cursos preparatórios pré-vestibular publicou em seu site que:

    Logo após a Revolução de 1932, Celestino Rodrigues, jovem estudante de Engenharia que havia ingressado em 1º lugar na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e Leo Bonfim, professor da Poli que preparava candidatos para o vestibular da escola, associaram-se e instalaram, no prédio do ginásio, um curso preparatório que se denominou Curso Anglo-Latino.

    No final dos anos 30, com o falecimento do Prof. Guerreiro (morto em 1936), os herdeiros venderam as instalações para Leo, Celestino e outros professores, que expandiram o ginásio e abriram o Colégio Anglo-Latino. Na década seguinte, o Anglo-Latino firmou-se como o melhor colégio particular de São Paulo e o melhor curso preparatório para Exatas.

    Na foto podemos ver os dois prédios do Ginásio e do Colégio Anglo-Latino

    Em 1950, Leo e Celestino decidiram fechar o ginásio e o colégio, mas, como o site conta: “O Prof. Simão Faiguenboim, que dirigia o Curso Anglo desde o término da Segunda Guerra Mundial (1947), (…) para prosseguirem com as atividades nas instalações do Colégio São Paulo de Piratininga, na Rua Tamandaré, 596”, onde encontra-se até hoje.

    Nesta época, o curso preparatório mudou-se para a Rua São Joaquim, 580 esquina com a R. Muniz de Souza. Nas imagens abaixo podemos ver fotos dos anos 1960 do colégio. 

    O curso preparatório para vestibulares, Anglo, permanece no mesmo endereço  onde até hoje prepara os estudantes para entrar na faculdade.

    No belo prédio art deco, depois funcionou, de 1951 a 1970, a Escola de Polícia de São Paulo, sendo substituída pela atual ACADEPOL (Academia de Polícia), na Cidade Universitária. Abaixo, vemos uma página da memória da Polícia Civil de São Paulo com o desenho do edifício.

    Encerramos com uma matéria, da revista A Cigarra, de novembro de 1927, que mostra nas instalações do colégio da Avenida Paulista, as comemorações do aniversário do Professor Guerreiro, que aparece na foto superior, sentado bem no centro, vestindo terno preto e abaixo alunos posam para fotografia na entrada do colégio.

    Nos próximos dias contaremos a história do Colégio Pais Leme e do Edifício Safra que sucederam o Gymnasio Anglo-Latino no endereço da Avenida Paulista.

    Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!

    Tags:Rua AugustaAvenida PaulistaAnglo-LatinoJoão BriccolaA CigarraLiberdade

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    Autor: Luciana Cotrim

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    Postado em Casarões | 1 Comentário | Marcado Colégio Pais Leme, Edifício Safra, Escola Guerreiro, Gymnasio Anglo-Latino, João Brícola, Rua Augusta |

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      A Série Avenida Paulista conta as histórias dos casarões e das famílias que moravam na avenida e, também, dos edifícios que foram  construídos em seus lugares.

      Escrita por Luciana Cotrim, a série conta a história de mais de 80 casarões do século XX e dos edifícios atuais.

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