Em 1941, no atual número 2584 da Avenida Paulista surgiu o Edifício Anchieta, com projeto arquitetônico do escritório carioca MMM Roberto, dos irmãos Marcelo Roberto e Milton Roberto. Anteriormente, lá ficava a casa de Antonio Pereira Ignacio.

Antes deste edifício
O casarão número 7 de Antonio Pereira Ignácio
O site da Prefeitura de São Paulo escreve sobre o prédio:
“Construído em 1941, com amplo jardim frontal, o Edifício Anchieta atendia a um novo conceito de moradia, verticalizada, que começava a se tornar comum nas áreas centrais da cidade. Projetado segundo os preceitos de funcionalidade e racionalidade da arquitetura moderna, o edifício possui apartamentos simples e duplex, assim como a construção sobre pilotis e pastilhas coloridas”.
Foto: Pedro Kok
O edifício que fica entre a Rua da Consolação e a Avenida Angélica, a dois quarteirões finais da Avenida Paulista. Disse a Revista Veja “aquele pedaço abriga um dos principais ícones modernistas paulistanos: o Edifício Anchieta”.
“Com uma beleza arquitetônica que retrata o estilo moderno, o prédio é um ícone da arquitetura na cidade e representa um importante legado do escritório dos irmãos Roberto.
A revista explica que eles “entraram para a história da arquitetura brasileira por terem sido pioneiros na utilização do brise-soleil, creditado ao arquiteto franco-suíço Le Courbusier (1887-1965). O brise é composto por lâminas colocadas na fachada com o intuito de quebrar a iluminação direta do sol”.
Foto: Pedro Kok
De autoria de Ana Carolina de Oliveira Modinger, o belo trabalho de conclusão de curso da Faculdade de Arquitetura da USP, conta a história do Edifício Anchieta. Pinçamos alguns trechos com um breve histórico e algumas fotos do prédio.
Foto: Pedro Kok
“O Edifício Anchieta, idealização e obra do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários (IAPI), teve o projeto encomendado aos arquitetos do escritório carioca até então MM Roberto em 1941 e foi proposto inicialmente como habitação de aluguel para os funcionários da Indústria, porém, aparentemente, acabou servindo de habitação de aluguel para o alto escalão do IAPI”.
Fotos da construção do edifício. Acervo do Núcleo de Pesquisa e Documentação – FAU/UFRJ
“Quando da extinção do IAPI em 1963, por decreto do presidente Jânio Quadros, a administração do edifício passou a ser responsabilidade do INSS (…), que vendeu os apartamentos (…)
Originalmente, o edifício contava com um jardim voltado para a Avenida Paulista, mas com o projeto de alargamento da Avenida Paulista em 20 metros, (..) teve sua área reduzida praticamente à projeção do prédio graças às desapropriações realizadas para execução do projeto no início da década de 1970. (…)
A chegada do metrô à Consolação ocorre no início da década de 1990, o que aumenta o fluxo de pedestres, mas não reafirma a clientela do Bar Riviera que começa, a partir daí sua decadência, porém o fechamento definitivo se dá somente em 2006, depois de quase 10 anos sem pagar aluguel ao INSS, ainda dono do espaço.
Recentemente, o Edifício Anchieta foi cenário do filme Quanto dura o Amor? (2009), direção de Roberto Moreira. Filme que narra a história de três personagens que residem no Anchieta, no qual há diversas tomadas mostrando as fachadas, os espaços comuns do edifício e ainda algumas cenas internas aos apartamentos.
Área das três sobrelojas. Parede curva de tijolos de vidro voltada para Rua da Consolação. Foto: Ana Carolina Modinger
O Riviera
O térreo e sobrelojas possuíam instalações comerciais, na extremidade próxima à Rua da Consolação, na parede curva de tijolos de vidro estava o Bar Riviera, que ali ficou instalado por quase 60 anos e foi o Bar que conferiu visibilidade ao Edifício.
Foto: Ubirajara Dettmar – 22.jan.1982/Folhapress
Fundado em 1949, foi ponto de encontro de artistas e intelectuais como Toquinho, Chico Buarque e Elis Regina e de militância estudantil das décadas de 1970 e 1980.
Foi em uma frequentadora do bar que o cartunista Angeli se inspirou para criar sua personagem Rê Bordosa..
Nas tirinhas em que ela aparece no bar, há sempre a presença do garçom Juvenal que realmente trabalhou no bar por cera de 30 anos. Em 2006, o Riviera Bar fecha suas portas.
Para a felicidade geral o Riviera reabriu quase 10 anos depois.
O site do bar conta “em setembro de 2013, no mês em que se completam 64 anos de sua fundação, o Riviera reabre e retoma seu lugar na vida noturna de São Paulo. A longa escada hollywoodiana continua lá; a parede de tijolos de vidro, também; seu nome piscante na fachada, idem”.
Foto: Mario Rodrigues
O projeto do bar é do arquiteto Marcio Kogan, que preservou a parede curva de vidro que marcou o lugar e a caixilharia de vidro com vistas para a cidade de São Paulo. O ambiente que possui 300m² acomoda até 200 pessoas.
É muito bacana quando reativamos nossa história, não é mesmo? Assim, também poderia acontecer com casarões da Avenida Paulista e o próprio Edifício Anchieta.
Como chegar
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Tags:Edifícios
2 thoughts on “Edifício Anchieta: o primeiro da Avenida Paulista”
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