No terreno onde se situava a casa de Belfort Mattos foi construído, nos anos 50, o Edifício Dumont Adams, hoje localizado na avenida Paulista, 1510, no cruzamento com a Alameda Casa Branca.
O jornal o Estado de São Paulo publicou que o edifício foi
construído entre os anos 1954 e 1956 pelo engenheiro e fazendeiro Plínio Adams, o Dumont Adams foi concebido como um edifício de luxo. Inaugurado em 19 de abril de 1958, logo tornou-se um marco na Avenida Paulista.
Com dez andares e 54 metros de altura, dois apartamentos por andar e um amplo salão de festas na cobertura. No hall de entrada, o piso e as paredes são de mármore e a porta foi feita pelo Liceu de Artes e Ofícios. O prédio pertenceu à família Adams (..), quando foi vendido por Maria Helena Dumont Adams, filha do engenheiro, à Vivo.
Antes deste edifício
Era um belo exemplar arquitetônico, com seus dois espaçosos apartamentos por andar. Adquirido pela Vivo, que repassou o edifício ao MASP, foi descaracterizado e até hoje encontra-se em reforma, passando por diversos problemas neste período.
Em 2008, a antiga proprietária, Maria Helena Dumont Adams, contou à Folha de São Paulo sobre o esvaziamento.
Depois que meu pai morreu, passamos um tempo decidindo com quem ia ficar a propriedade. Enquanto isso, fomos esvaziando-o aos poucos, para poder vendê-lo. Demorou uns dez anos.
Segundo publicado no jornal Folha de São Paulo,
boa parte de sua vida Maria Helena passou naquele endereço. Quando se casou, foi morar lá, em apartamento vizinho ao de seu pai, que havia vendido uma de suas fazendas para erguer o residencial nos anos 50. “Lembro que o canteiro central da Paulista era cheio de ipês roxos.
Procuramos mais informações da família e chegamos ao site da Fazenda “Morada da Prata”, de propriedade dos descendentes de Plínio Dumont Adams, construtor do edifício e pai de Maria Helena. A página da fazenda conta a história da família, que foi grande produtora de café.
Na apresentação lemos que:
Maria Helena é a quarta geração de produtores de café. Sobrinha-neta de Santos Dumont, o pai da aviação, traz no sangue a paixão pela inovação e pelo saber. Quando herdou a Fazenda Morada da Prata dos pais, enfrentou com coragem a missão de ser a responsável pela propriedade. Na década de 70, diversificou sua produção, e Maria Helena acabou se especializando em cultivos de café, cana e gado Tabapuã.
Henrique Dumont era pai de Santos Dumont e Luiz, o seu irmão mais velho. Plínio de Oliveira Adams, pai de Maria Helena, foi o responsável pelo projeto arquitetônico do edifício Dumont Adams. Ele formou-se em engenharia pela Escola Politécnica de São Paulo e teve boa parte de sua vida profissional no setor agrícola. Na área financeiro foi presidente do Banco de S. Paulo S/A. Faleceu em 17 de fevereiro de 1966.
A associação Preserva SP – Associação de defesa do patrimônio histórico, arquitetônico, cultural e paisagístico da cidade de São Paulo fez uma campanha em 2010 em prol da preservação do prédio. Em seu site publicou o seguinte texto e imagem abaixo.
Numa decisão absurda, o Conpresp, órgão de preservação do patrimônio histórico da cidade, preocupou-se apenas com o Masp e ignorou completamente as qualidades do seu vizinho: vetou o luminoso (da Vivo) mas liberou a destruição do Dumont Adams, numa decisão inclusive contrária ao parecer técnico do Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura, elaborado pela arquiteta Lia Mayumi, que recomendava a preservação da fachada do imóvel, o qual segundo o parecer “possui a dignidade característica daquele tipo arquitetônico portador de composição equilibrada, revestimentos de boa qualidade (mármore travertino e argamassa de travertino), fachadas bem compostas de filiação clássica, tripartida nos dois sentidos, vertical e horizontal, envasaduras generosa e adequadamente proporcionadas, com caixilharia de qualidade de manufatura robusta, dentre a qual se destaca a da porta principal do edifício no nível do chão.
O edifício seria totalmente remodelado e passaria a ter 17 andares, uma torre e um restaurante no topo do edifício.
O orçamento inicial era de 15 milhões de Reais, as modificações foram iniciadas, porém o projeto foi vetado pelo Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo e a obra segue paralisada até os dias de hoje.
O projeto gerou críticas de organizações que protestaram pela preservação do patrimônio histórico, já que o projeto descaracterizou o prédio e destruiu a fachada do edifício por completo.
Mas, infelizmente a solicitação não foi acatada pelos órgãos responsáveis e a sua fachada e hall vieram abaixo como mostra a imagem do Google Street View de março de 2020.
O MASP – Museu de Arte de São Paulo publicou em seu Relatório de Atividades de 2015, o seguinte texto:
O prédio anexo é um ativo importante do museu. Além do valor elevado do imóvel, é fundamental para a expansão de suas atividades. Adquirido pela empresa Vivo, o prédio de número 1.510 da Avenida Paulista foi doado ao MASP em 2006, justamente para ali se estabelecer um anexo que ampliasse o número de espaços expositivos no prédio original, projetado por Lina Bo Bardi.
O prédio de oito andares, anteriormente chamado de Edifício Dumont-Adams, foi um dos primeiros residenciais da avenida, e, portanto, já existia quando o edifício do MASP foi inaugurado, em 1968. Doado pela Vivo mediante contrapartidas, passou por obras entre 2010 e 2012. Estas, no entanto, encontram-se paralisadas desde então, por falta de recursos.
Após um ano de negociações, foram concluídos em setembro de 2015 os termos do acordo da dívida que o MASP possuía com a Vivo, referente a não entrega das contrapartidas. O valor original da pendência, corrigido pelo Crédito de Depósito Interbancário (CDI), atingia R$ 45 milhões. No acordo, foi estabelecido pagamento de R$ 10 milhões da dívida, corrigidos pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), em vinte anos, com um ano de carência.
A diferença foi convertida em cotas de patrocínio, válidas por cinco anos. Hoje a Vivo é uma das parceiras estratégicas do MASP, ao lado do banco Itaú. A hipoteca do prédio anexo será dada como garantia para o cumprimento de ambas as obrigações, e assim o imóvel ficou apto a ser finalizado pelo MASP.
É uma pena que não conseguimos unir passado, presente e futuro de nosso patrimônio!!!!!
Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!
1 thoughts on “O clássico edifício Dumont Adams”
Luiz Frederico de Oliveira
Não entendo até hj o abandono desse prédio! Pq não mantiveram os aptos como moradias? Eram apartamentos maravilhosos! O prédio era lindo como moradia. Morar ali dm plena av. Paulista é um privilégio. Como a ganância pode acabar com a memória cultural de uma cidade, de um país…. lamentável.
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