Na Série Avenida Paulista apresentamos a Villa Virgínia, de propriedade de Angelo Andrea Matarazzo, queficava na quadra da Paulista, na altura da Rua Itapeva, onde hoje se localiza atualmente o Edifício Brazilian Financial Center.
O senador Andrea Matarazzo, como ficou conhecido, nasceu em 27 de dezembro de 1864, em Castellabate, na província de Salerno, no sul da Itália. De uma família numerosa, era o quinto filho de Costabile Matarazzo, que foi advogado e proprietário rural de prestígio local, e Mariangela Jovane. Estudou na Academia Militar no Vêneto.

Depois deste casarão
Descendentes de nobres, em Castellabate a família adquiriu pequenos feudos e o direito de possuírem vassalos, mas durante a crise econômica, as propriedades dos Matarazzo foram perdidas e restaram apenas algumas casas e alguns aluguéis para os pais de Andrea.

Em 1881, seu irmão Francesco, imigrou para o Brasil para fazer a América e, como sabemos, se tornou milionário. Andrea, não precisou se esforçar para enriquecer, pois casou-se, logo que chegou ao Brasil, com Maria Virginnia Geraldi, natural de Verona, pertencente a uma tradicional e riquíssima família italiana.
Sua esposa era irmã do cafeicultor e empresário Orazio Geraldi, proprietário de diversas fazendas de café na região de Campinas. Em 1904, Andrea Matarazzo comprou as posses do cunhado, tornando-se o 5º maior produtor de café do Estado de São Paulo, o 9º maior do Brasil e o 15º maior do mundo.

De seu casamento com Maria Virginia Geraldi nasceram sete filhos: Virginia Matarazzo (nascida em Nápoles, na lua-de-mel do casal); Maria Raffaela; Costabile; Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho, que foi casado com Yolanda Penteado; Mariangela Matarazzo, a condessa Matarazzo, que foi casada com seu primo, Francisco Matarazzo Júnior, o conde Chiquinho; Pedro Paulo Matarazzo, que se casou com Maria Angela Matarazzo, a viúva de seu irmão Costabile e, finalmente, Giannicola Carmine Matarazzo casado com Camilla Cazzola, avô do sempre candidato à Prefeitura de São Paulo, Andrea Matarazzo.

Tendo residido na Itália por muitos anos, em 1901, Andrea tornou-se senador do Reino da Itália. No seu período de vivência naquele país, construiu uma célebre residência, em estilo renascentista, também denominada, Villa Virginia Matarazzo, numa área de 15 mil metros quadrados em Santa Maria de Castellabate.
Ao pé do monte, na praia, a construção abriga um museu e órgãos da prefeitura, atualmente, foi reformada, continuará com o museu e um hotel da Castellabate, agora nomeada Villa Matarazzo. Essas informações e a imagem abaixo foram gentilmente enviadas por uma moradora do lugar, a Antonietta Paolillo, minha parente, que agradeço imensamente. É impossível não comentar como os italianos preservam mais sua memória e história do que os brasileiros.


Continuando a história….
A partir de 1898, o Senador Andrea associou-se ao irmão Francesco Matarazzo, tornando-se o vice-presidente e diretor de finanças das empresas IRFM – Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo e diretor-chefe da Metalma, ou seja, a Metalúrgica Matarazzo S.A.

Durante este período, também foi conselheiro de finanças do governo brasileiro, tendo recebido o título de Comendador da Ordem do Cruzeiro do Sul. Em 1928, participou da fundação do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – a CIESP e, em 1930, recebeu o título de conde, pelos excelentes serviços prestados à política real italiana, na primeira década dos anos 1900.
Nos anos 1940 dizem que manteve um provável caso de amor com a pianista Guiomar Novaes, de quem ele foi mecenas. No fim dos anos 30, Ângelo Andrea foi nomeado Presidente de Honra da Sociedade Esportiva Palestra Itália, o atual Palmeiras, cargo que anteriormente tinha sido ocupado por seu falecido irmão, o conde Francesco Matarazzo.

O Senador Matarazzo era também um grande investidor em imóveis, adquiriu muitos terrenos e casas ao redor de sua mansão, nas ruas próximas à Avenida Paulista e no Bixiga. Sua residência ocupava uma quadra inteira, entre a Avenida Paulista e a Rua São Carlos do Pinhal, e entre a Rua Itapeva e Alameda Rio Claro.

Sobre a Villa Virginia Matarazzo sabemos que foi construída em 1905 com projeto do engenheiro Fortunato Nigro. As únicas informações que tivemos acesso é um trecho do livro “A capital da vertigem – uma história de São Paulo de 1900 A 1954” de Roberto Pompeu de Toledo, que reproduzimos abaixo:

Em agosto de 1945, no término da segunda guerra mundial, já gravemente doente partiu para França, buscando viver como queria, como um bon-vivant de posses. Faleceu em novembro de 1945 em Paris, tendo sido cremado. Suas cinzas foram jogadas no Canal da Mancha, no porto da cidade de Calais, norte da França.
Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!
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