O belo casarão de Horácio Espindola é apresentado hoje na Série Avenida Paulista. Em seu lugar, nos anos 1960, foi construído um outro ícone da cidade: o edifício Gazeta, que abriga a sede da TV, a rádio, o teatro e a Fundação Cásper Líbero, que contaremos a história no próximo post.

Depois deste casarão
Para apresentar o Sr. Horácio Espindola, vamos fazer uso do texto que foi publicado no anúncio de sua morte, pois naquele tempo os falecimentos de pessoas ilustres ocupavam muitas linhas dos jornais da cidade.
No jornal Correio Paulistano foi publicado, três dias após o seu falecimento, o seguinte anúncio reescrito com a ortografia da época:
Sepultou-se ante-hontem, nesta capital, o Sr. Horacio Espíndola, estimado cavalheiro da nossa sociedade, e figura de relevo nas rodas comerciais, industriaes e financeiras de São Paulo. Philantropo despendia grande parte de seus haveres em obras de caridade.
Foi fundador da Casa Espindola, grande estabelecimento de typographia e papelaria; era membro do Conselho Fiscal e Directoria do Banco Commercio e Industria de S. Paulo, Cia. Brasileira de Administração e Companhia Cafeeira do Rio Preto e da Companhia Ferroviaria de S. Paulo-Goyaz.
Deixa viúva a sra. d. Narcisa Ferraz do Amaral Espíndola, e os seguintes filhos: Fernando Espíndola (…), d. Nelly (…) e, uma irmã, a sra. d. Elisa de Espindola de Aquino, esposa do sr. Gustavo Cynthio de Aquino.
Tudo o que foi veiculado no anúncio pode ser verificado em notícias do mesmo jornal durante vários anos. Vamos a breve apresentação destes fatos: a sociedade que originou a empresa Espindola, Siqueira & C. iniciou suas atividades em 1895 e durou pouco, até 1990, separado de seu sócio, Horacio continuou no ramo gráfico com a abertura da Casa Espíndola, conhecida como um comércio de papelaria, oferecendo livros em branco, encadernação, além de ser uma tipografia especializada em publicações oficiais do governo.

Horácio Espindola foi um homem muito versátil nos negócios e na vida pessoal. Além da Casa Espindola, investiu em muitos imóveis, como mostra o anúncio da aquisição de um terreno do Jardim América.

Comprou e dirigiu a Companhia Ferroviária de S. Paulo-Goiás e foi diretor do Banco Comércio e Indústria de São Paulo. Participou de várias associações comerciais e industriais ligadas ao café, ao comércio, entre outras áreas que se identificava, como a de automóveis, como mostra o anúncio em que comprou o automóvel Paige.

Além das atividades profissionais, foi um homem influente na política e na vida social – reconhecido como um filantropo que ajudou diversas instituições beneficentes, inclusive, participando de muitas comissões e mesas administrativas delas, como a Santa Casa de Misericórdia.

Sua vida social também era muito intensa, além de ser jurado de diversos crimes do tribunal, estava sempre presente, junto com sua esposa, nas muitas festas sociais, em cortejos fúnebres de figuras importantes e em comemorações especiais. Fez parte da comissão organizadora da celebração pela vinda de Rui Barbosa à cidade e da festa comemorativa do aniversário de 70 anos de Ramos de Azevedo, arquiteto influente e reconhecido à época, que foi responsável pelo projeto e construção, no ano de 1925, de sua mansão na Avenida Paulista, concebida em estilo eclético, considerada uma das residências mais modernas projetada pelo Escritório Técnico Ramos de Azevedo.

Identificamos também que, em 1924, Horácio Espindola foi tesoureiro do Liceu de Artes e Ofícios, no período em que Ramos de Azevedo era vice-presidente.

A história sempre tem um fim. Em maio de 1956 foi publicado no jornal Gazeta Esportiva um edital de leilão de bens penhorados, a casa que pertencia ao espólio de Alberto Cintra, ação movida pela Fundação Cásper Líbero. Segundo o texto, o Sr. Alberto Cintra e sua mulher adquiriu a casa por permuta realizada com o Sr Horário Espindola em dezembro de 1952 por quase 11 milhões de cruzeiros. Estes últimos penhoraram a casa em favor de Camargo Viana & cia e Napoleão Jorge e sua mulher, que cederam e transferiram para a Fundação Casper Libero.
Terminamos a história com a colaboração de uma leitora do nosso site, a Silvia Oliveira que desenhou o lindo casarão de Horácio Espindola e gentilmente compartilhou com todos nós. Obrigada, Silvia.

Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!

3 thoughts on “O casarão de Horácio Espíndola e o Edifício Gazeta”
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Paulo E. Trani
Boa Noite! Tudo bem? É possivel esclarecer qual a cidade nasceu, sua filiação e qual é o ano de nascimento de Horácio Espíndola?
Estou realizando a genealogia dos Espíndolas do ramo de meu bisavô Albino da Silva Espíndola, oriundo de família de Barbacena (SP) e outras cidades da região da Zona da Mata Mineira. Ele, Albino da Silva Espíndola, nascido em 1848, foi pioneiro ferroviário iniciando sua carreira como primeiro Chefe da Estação de Cachoeira (posteriormente Rocinha e atual Vinhedo) da Cia Paulista de Estradas de Ferro e depois trabalhou na Cia Mogiana de Estradas de Ferro, como Chefe de Estação de várias cidades, Jaguariuna, Mogi Mirim, Itapira e Casa Branca, até falecer em Ribeirão Preto em 1886 como Chefe de Tráfego. Sua esposa era de São Paulo – Capital, Dona Anna Müller Espíndola. obrigado.
Paulo Espíndola Trani
e-mail: petrani32@hotmail.com
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Luciana Cotrim
Olá Paulo, muito obrigada por seu comentário. Gostaria de poder ajudá-lo, mas não tenho mais informações sobre Horácio Espíndola. Sempre que tenho a informação de nascimento, publico nas histórias.
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