Série Avenida Paulista
  • Home
  • A Série Avenida Paulista
  • Casarões
  • Edifícios
  • Espaços públicos
  • Contato
  • As casas de aluguel dos irmãos Sarti – Parte I

    Posted at 21:05 by Luciana Cotrim, on março 13, 2022

    Na Série Avenida Paulista teremos mais uma série em que apresentaremos as casas que foram construídas para aluguel e ficaram conhecidas como Casas Sarti, de propriedade de Lourenço Sarti. O trabalho foi de detetive para tentar recompor essa parte da história da avenida. Por isso, ainda temos “buracos” a serem preenchidos, se alguém tiver mais informações ou conhecer algum descendente da família, agradeceremos o contato.

    No lugar deste casarão

    Edifício Paulista 500

    Nascido em 1862, o proprietário destas casas, Lourenço Sarti foi um comerciante, construtor e investidor de imóveis.  Em 1887 já era dono de um hotel chamado Hotel do Bom Gosto no centro da cidade, que se mudou neste mesmo ano para a Rua Boa Vista, número 50, com um novo nome: Hotel Bella Vista.

    Em 1903, com seus irmãos, Serafino e Cherubino Sarti, fundou a empresa Sarti Irmãos & Companhia, para administrar o Hotel Bella Vista, que contava com a hospedaria, restaurante e comércio de secos e molhados.  Os irmãos tinham como sócio, o primo, Guido Sarti, também proprietário de uma casa de secos e molhados na Rua Paula Souza.

    Lourenço foi casado com Filonema Sarti e Guido com Hermínia Sarti, ambos aparecem em inúmeras notícias de processos judiciais relativos à posse de terrenos e imóveis e, o último, a solicitações para construção de passeios e abertura de ruas.

    Existe um edifício com nome de Lourenço Sarti, na Praça da República, 465, mas que não identificamos a origem.

    As quatro casas Sarti da Avenida Paulista foram construídas em 1904 com projeto do engenheiro Eduardo Loschi. Sobre elas, Benedito Lima Toledo descreve no “Álbum Iconográfico da Avenida Paulista”, o que “surpreende nessas quatro casinhas é o primarismo do projeto: sala de visita à frente, sala de jantar ao fundo, unidas por um corredor. Entre as duas, três dormitórios intercomunicantes. Ao fundo, área de serviço, onde se concentram as instalações hidráulicas”.

    As casas foram edificadas para serem pensionatos na recém-inaugurada Avenida Paulista. Em junho de 1927, em lista veiculada no Jornal Correio Paulistano sobre arrecadação de impostos, as quatro casas, de números 119, 121, 123 e 125 da Avenida Paulista aparecem em nome dos irmãos Sarti – Lourenço e Serafino.

    Interessante notar que o número 129 também aparece no nome do Lourenço, mas não fez parte dessa etapa construtiva.

    Guido Sarti também tinha uma residência à Avenida Paulista, no número 147, onde morou com Hermínia e as filhas Iris e Zina.

    Na foto que abre o texto, vemos uma foto de fevereiro de 1978, da coleção de Pcastagnet, que destaca a arquitetura tipicamente italiana e informa que neste período as casas já pertenciam à família Castro: uma era de Aida e outra de Helena de Castro.Mas nesta época ainda tinham os números 119 e 121.

    As construções que aparecem na foto, não são as casas Sarti originais, mas, com certeza, eram casas construídas/ reformadas no início do século passado e que, provavelmente, tenham passado por mudanças realizadas por antigos proprietários. A primeira casa era a de número 119, aparecia na lista telefônica em nome de João e de Raul Didier entre 1917 e 1920. Em 1927, surge no nome de Chukre Suriane e, em 1930, Said Buchain.

    Em 30 de maio de 1935, a casa é noticiada no jornal Correio Paulistano como de propriedade de Herbert Martin Stettener, morador da casa ao lado, de número 117. Provavelmente foi comprada dos Sarti e continuou a ser uma pensão. Neste dia, noticiou-se que Herik Hahn, alemão de 32 anos, suicidou-se em um dos seus quartos envenenando-se por conta de sua situação financeira.

    Depois da mudança da numeração da Avenida, essa casa recebeu o número 510, aparecendo na lista telefônica de 1952 em nome de Francisca C., e em 1973, no nome da família Castro.

    A segunda casa, de número 121, aparece para alugar em fevereiro de 1905, logo após a construção, o anúncio do jornal O Estado de São Paulo informa que ela tem 7 cômodos. Em 1920 e 1935, também foram publicados, um deles dizia que a casa era mobiliada. Na lista telefônica aparece a partir de 1920, em nome de pessoas diferentes durante os 10 próximos anos.

    Em 31 dezembro do ano de 1912 e de 1913, a casa é divulgada no noticiário como sendo a residência do cônsul francês, Ernest Charles Birlé, que recebeu os franceses em comemoração ao “Ano Bom”.

    Nesta casa ainda, em 14 de julho de 1928, noticia-se o desaparecimento de um jovem de 15 anos, chamado Alberto Buchain, que tinha sido mandado, pelo pai, comprar estampilhas e não havia voltado até a noite. Interessante que na lista telefônica a família Buchain aparece em 1930, na casa 119. Será que teriam mudado para a casa ao lado?

    Com a mudança da numeração, essa casa recebeu o número 498, aparecendo na lista telefônica de 1952 em nome de José Salvatti, e em 1973, no nome da família Fontes.

    Essas casas foram adquiridas nos anos 1940 pela mesma família e pertenceram à Aida de Castro e Maria Helena de Castro. Muito provavelmente neste período elas foram unificadas por meio de uma área comum, como vemos o muro em arco na foto inicial. Uma descendente da família, a arquiteta Patricia Piza Fontes, que morou em uma das casas, nos relata sobre esse período.

    Minha mãe se mudou para a Paulista adolescente, entre os anos 1938 e 1940. Então, foi nessa época, que reformaram ou construíram as novas casas. Minha avó dizia que construíram, mas não creio que tenham demolido, do jeito que conheço a família, devem ter praticamente posta abaixo, mas não demoliram.

    A casa onde morei era uma casa de 2 andares, que meu avô reformou, subiu o teto do porão e transformou em 2 andares, fez 7 quartos e um escritório em cima, e as salas e quartos de empregada no térreo.

    Esteve alugada muitos anos para um hospital (uma clínica) e depois para uma copiadora. Quem comprou a casa foi minha avó e a família Castro, comprou dela. Ela tinha 5 irmãos, mas minha mãe era filha única, então depois que ela morreu em 2013 as histórias foram juntas com elas.

    Minha tia, de apelido DuDú, nome Eudóxia, casou-se e foi morar na casa da esquerda, que tinha um elevador maravilhoso da Villares, simples, porém lindo com 2 portas pantográficas.

    Minha mãe morou lá por mais de 30 anos e eu – e meus seis irmãos – de 10 anos a 21 anos. Quem vendeu o terreno da casa para a Quota Construtora foi minha família, muitos anos depois da morte de meu pai e minha avó. Depois que foram demolidas, as 2 que eram nossas viraram estacionamento.

     Agradecemos à Patricia pelo relato precioso!

    Finalizando essa parte da história, essas casas foram fotografadas em 1982, um pouco antes da demolição, por Valter Hernandez Trujillo, em foto que vemos abaixo. por outro ângulo da primeira imagem deste texto.

    Foto inicial: Coleção PCastagnet

    Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!

    Compartilhe isso:

    • Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+
    • Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook
    Curtir Carregando...

    Relacionado

    • ← Do palacete de von Hardt às escadarias do Gazeta
    • O Edifício Paulista 500 na Série Avenida Paulista →
    Avatar de Desconhecido

    Autor: Luciana Cotrim

    Instagram: @serieavenidapaulista Facebook: facebook.com/serieavenidapaulista Use: #serieavenidapaulista
    Postado em Casarões | 1 Comentário | Marcado Avenida Paulista, Eduardo Loschi, Fontes, Sarti |

    One thought on “As casas de aluguel dos irmãos Sarti – Parte I”

    • Pingback: O Edifício Paulista 500 na Série Avenida Paulista | Série Avenida Paulista

    Deixe um comentário Cancelar resposta

    • Sobre

      A Série Avenida Paulista conta as histórias dos casarões e das famílias que moravam na avenida e, também, dos edifícios que foram  construídos em seus lugares.

      Escrita por Luciana Cotrim, a série conta a história de mais de 80 casarões do século XX e dos edifícios atuais.

    • Redes Sociais

      • Facebook
      • YouTube
      • Instagram
    • Categorias

      • Casarões (83)
      • Edifícios (59)
      • Locais públicos (12)
      • Sem categoria (51)
    • Pesquisar no site

    • Posts recentes

      • Azem Azem na Avenida Paulista
      • O clássico Edifício Savoy na Paulista
      • Anos de Natal na Paulista
      • O atelier de Dener na Avenida Paulista
      • O edifício Louis Pasteur na Avenida Paulista
    • Tags

      Abelardo Riedy de Souza Alameda Ministro Rocha Azevedo Antonieta Chaves Cintra Gordinho Antonio Pereira Ignácio Arquitetura Modernista Assad Abdalla Augusto Fried Avenida Paulista Banco Real Baronesa de Arary Boutique Madame Rosita Burle Marx Casa Bento Loeb Casa Loeb Castellabate Club Homs Colégio Pais Leme Colégio São Luís Conjunto Nacional Correa Galvão Dante Alighieri Demétrio Taufik Camasmie Edifício Anchieta Edifício Barão de Itatiaya Edifício do Banco Central Edifício Grande Avenida Edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti Edifício Safra Eloy Chaves FAACG Família Cardoso de Almeida Família Rocha Azevedo Flora Figueiredo Gymnasio Anglo-Brazileiro Gymnasio Anglo-Latino Herculano de Almeida Prado Corrêa Galvão Homs Horácio Berlinck Cardoso Horácio Sabino Igreja São Luís do Gonzaga IRFM Jardim América Jayme Loureiro João Baptista Scuracchio João Dente Luigi Perroni Malta & Guedes Manifestações MASP Matarazzo Ministro Rocha Azevedo Moyses Miguel Haddad Nagib Salem Palacetecamasmie Palacete Casmamie Parque Mário Covas Paulo Mendes da Rocha Ramos de Azevedo René Thiollier Restaurante America Revolta Paulista Rino Levi Arquitetos Rocha Azevedo Rodolfo Crespi Rua Augusta Santander serieavenidapaulista Sidonio Porto Série Avenida Paulista Taufik Camasmie Trianon Victor Dubugras Villa Fortunata Villa Matarazzo
  • Arquivos

    • julho 2025 (1)
    • janeiro 2025 (1)
    • dezembro 2024 (1)
    • agosto 2024 (1)
    • julho 2024 (1)
    • abril 2024 (1)
    • março 2024 (3)
    • fevereiro 2024 (3)
    • janeiro 2024 (8)
    • dezembro 2023 (1)
    • novembro 2023 (2)
    • outubro 2023 (1)
    • julho 2023 (4)
    • abril 2023 (1)
    • janeiro 2023 (1)
    • setembro 2022 (1)
    • julho 2022 (2)
    • junho 2022 (1)
    • maio 2022 (3)
    • abril 2022 (4)
    • março 2022 (1)
    • fevereiro 2022 (2)
    • janeiro 2022 (2)
    • dezembro 2021 (2)
    • novembro 2021 (1)
    • outubro 2021 (2)
    • setembro 2021 (4)
    • agosto 2021 (2)
    • julho 2021 (2)
    • junho 2021 (1)
    • maio 2021 (3)
    • abril 2021 (3)
    • março 2021 (4)
    • fevereiro 2021 (4)
    • janeiro 2021 (7)
    • dezembro 2020 (2)
    • outubro 2020 (2)
    • setembro 2020 (2)
    • agosto 2020 (1)
    • julho 2020 (3)
    • junho 2020 (1)
    • maio 2020 (1)
    • março 2020 (2)
    • fevereiro 2020 (5)
    • janeiro 2020 (3)
    • dezembro 2019 (1)
    • novembro 2019 (4)
    • outubro 2019 (4)
    • setembro 2019 (5)
    • agosto 2019 (6)
    • julho 2019 (7)
    • junho 2019 (6)
    • maio 2019 (9)
    • abril 2019 (2)
    • março 2019 (4)
  • Follow Série Avenida Paulista on WordPress.com
    • Facebook
    • YouTube
    • Instagram

Crie um site ou blog no WordPress.com

  • Comentário
  • Reblogar
  • Assinar Assinado
    • Série Avenida Paulista
    • Junte-se a 86 outros assinantes
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • Série Avenida Paulista
    • Assinar Assinado
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Copiar link curto
    • Denunciar este conteúdo
    • Ver post no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
 

Carregando comentários...
 

  • Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
    Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • %d