A história que contaremos esta semana é da casa de número 63 da Avenida Paulista que pertencia a Dona Maria Augusta Borges de Figueiredo e localizava-se onde atualmente encontra-se o número 1682 – o prédio da Justiça Federal (que pode ser lido neste link)
A Dona Maria Augusta foi casada com o Sr. José Borges de Figueiredo, proprietário de outra casa na Avenida Paulista. Como o Sr. Borges de Figueiredo faleceu no início do século passado, a casa dele foi passada para o nome de seu filho, José Borges de Figueiredo Jr, e esta que contaremos a história, para o nome de sua esposa.
Depois deste casarão
Edifício da Justiça Federal
Av. Paulista, 1.682
Além do Junior, o casal Borges de Figueiredo teve mais 4 filhos: Aurora, Mario, Celso e Esther, esta última foi casada com o Sr. Feliciano Lebre de Mello, que tinha uma mansão vizinha à da família, no número 65.
O Sr. José Borges de Figueiredo e, depois, seu filho eram proprietários da empresa Figueiredo & Comp, um comércio varejista de diversos artigos. Dona Maria Augusta ficou muito conhecida por suas benfeitorias em diversas instituições, como o Hospital Beneficência Portuguesa, Maternidade São Paulo, a Creche Baronesa de Limeira e o Dispensário Clemente Ferreira, uma instituição para tratamento e prevenção de doenças pulmonares, que hoje funciona na Avenida Consolação, com o nome Instituto Clemente Ferreira.
Outra faceta de Maria Augusta eram as festas sociais que, mesmo viúva, comparecia, como a da Árvore do Natal, onde os convites eram comprados no Mappin ou no Consulado Britânico.
Dona Maria Augusta morava na casa quando faleceu em 28 de outubro de 1920 e, sua casa, em um acordo familiar seria vendida para o genro, o Sr Feliciano Lebre de Mello. A mansão tinha projeto do escritório de Ramos de Azevedo e foi construída em 1915, e era uma casa de muitos cômodos: segundo um edital referente ao espólio da proprietária.
No piso térreo, a casa tinha um hall de entrada, salas de visita e de jantar, gabinete de música, um escritório ao lado a uma biblioteca, copa, dispensa e cozinha, e no centro, um hall de acesso ao andar de cima.
No pavimento superior, três dormitórios, um quarto de vestir e banheiro e, no porão, um salão, 3 quartos e banheiro. Na parte externa, garagem para 3 carros, mais 3 quartos e W.C., tanque, galinheiro e estufa.
Após a morte dos proprietários a casa foi colocada para aluguel, e consta que em 1935, a casa foi considerada antiga e em mau estado de conservação, pois já estava em juízo, mesmo estando alugada: a casa foi à venda, mesmo com a escritura de compromisso entre genros – o filho Mario Borges de Figueiredo e Sr. Feliciano Lebre de Mello, marido de sua irmã Esther.
O Sr. Feliciano e dona Esther mudaram-se para a casa de número 63 e venderam a casa de número 65 para o Sr. Assad Abdala, sócio e primo do Sr. Nagib Salem proprietário da casa número 98.
Feliciano Lebre e a Casa Lebre
Feliciano Lebre de Mello era um empresário do comércio de artigos diversos: sua loja, muito reconhecida no período, chamava-se Casa Lebre. Proveniente de uma família tradicional paulista que, em 1858, fundou a Casa Lebre vendendo ferragens. Ainda jovem, começou a trabalhar na loja e, junto com seu crescimento, evoluiu e tornou-se um dos sócios na década de 1910.
Em 1906 a velha construção da loja foi demolida para dar lugar, um ano depois, ao moderno prédio da foto, construído pelo engenheiro Eduardo M. Gonçalves, que foi inaugurado, como sede da Casa Lebre.
A Casa Lebre se transformou em uma referência na cidade pela diversidade de artigos que oferecia – perfumaria, brinquedos, porcelanas e cristais, baterias para cozinha de níquel puro, artigos para casa e, também, por dispor de um refinado setor de lanches.
Porém apesar de todo esse patrimônio, consta que o Sr. Lebre, não foi muito correto com a família de sua esposa Esther, em relação à casa da avenida.
O fim desta história é que, embora a casa da Avenida Paulista tenha se perdido, D. Maria Augusta Figueiredo foi imortalizada quando recebeu uma homenagem, batizando com seu nome a Rua Maria Figueiredo, decreto que foi oficializado pelo Ato 972 de 1916.
A casa foi vendida para Moyses Miguel Haddad
A casa foi vendida para o libanês Moyses Miguel Haddad, nascido em Ak Fargog, no dia 18 de abril de1884, vindo para o interior de São Paulo no começo dos anos 1900. Tornou-se proprietário de grande magazine em Rio Preto, a casa Moyses, que vendia de parafusos a carros da Chevrolet.
Em 1924, assumiu a Companhia Telefônica de Rio Preto. Produtores rurais, principalmente os cafeicultores, como ele, dependiam da linha telefônica para negociar suas mercadorias com compradores de São Paulo e outros grandes centros.
Adquiriu várias fazendas, chegando a possuir mais de um milhão e meio de pés de café. Teve também uma grande atuação na Igreja Ortodoxa Antioquia, sendo um de seus fundadores e presidente do Conselho em 1935.
Sobre a aquisição da casa da Avenida Paulista não temos informações, apenas que na lista telefônica de 1952 o seu nome estava lá. Ele faleceu em Rio Preto no dia 18 de março de1955. Nós continuamos a procurar mais informações….
Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que esta casa apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência e a família, entre em contato com a gente. Muito obrigada!
12 thoughts on “A casa de Maria Augusta Borges de Figueiredo – a da Rua Maria Figueiredo”
William Haddad
fascinante…traga – nos mais …
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Luciana Cotrim
Olá William, muito obrigada. Teremos muitas novas histórias.. É impossível não perguntar: por acaso você é descendente da família de Miguel Haddad?
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ROSANA BARBIERI
Boa tarde Luciana
Mais uma vez aqui estou encantada!
Muito obrigada
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ANTONIO TELES LEITE NETO
Esse foi o primeiro texto truncado do blog. Parece que falta um pedaço no início, pois começa de forma abrupta “Além do Junior”.
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Luciana Cotrim
Antonio, muito obrigada por avisar, era um problema técnico. Agora os dois parágrafos iniciais estão aparecendo. Por favor, você poderia me confirmar que consegue ver? Muito obrigada. Luciana
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Antonio Teles Leite Neto
Agora está normal, Luciana! Abs
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Luciana Cotrim
Muito obrigada, Abs
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Marcio Anisio Haddad
Muito legal, sou neto de Moyses Miguel Haddad, que infelizmente não conheci.
Tenho instalada na minha casa em São José do Rio Prêto a porta de ferro desta casa, com as iniciais MH, que por sinal são as minhas também.
Parabéns pelo site.
ATC
Marcio Anisio Haddad
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Luciana Cotrim
Marcio, que bacana receber sua mensagem. É muito gratificante quando recebemos um contato dos descendentes.
Não posso deixar de perguntar: você teria alguma informação adicional sobre a família ou a casa que pudesse compartilhar ou até mesmo fotos da época?
Como tudo o que consegui levantar (sobre seu avô) aconteceu no interior, não consegui saber se ele ou a família chegaram a morar na casa, ou se era só uma casa para quando vinham para a capital. Você ou alguém de sua família saberia dizer? Também não consegui localizar nenhuma informação sobre a família.
E, se quiser, mande uma foto do portão, poderia publicá-la no artigo… Seria muito legal.
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