Hoje apresentaremos o edifício da FIESP, um dos mais icônicos da Avenida Paulista, localizado no número 1313. Após as tentativas de manutenção do palacete de Nagib Salem, sem sucesso, a venda do terreno foi concretizada.
A FIESP lançou um concurso para desenvolvimento do projeto arquitetônico do edifício que iria ser construído no terreno da Avenida Paulista. Os participantes deveriam desenvolver um projeto que reunisse características muito expressivas, que fossem capazes de transformar o prédio em uma referência na cidade e no Brasil.

Antes deste edifício
O escritório Rino Levi Arquitetos Associados apresentou o projeto que ganhou o concurso. A empresa criou um edifício de estrutura em dois blocos superpostos separados por um andar com função de pilotis, com a sustentação através de colunas: o bloco inferior, o térreo, e o bloco superior, a torre.
A inauguração aconteceu no dia 26 de agosto de 1979. Segundo matéria publicada no site da CIESP, em agosto de 2013, intitulada “Ciesp e Fiesp completam 34 anos no edifício-sede da Avenida Paulista”:
“A mudança para o novo endereço começou a ser planejada em 1967, quando um terreno na Avenida Paulista foi adquirido para abrigar a nova sede. O projeto arquitetônico foi selecionado em concurso público. E o vencedor foi a proposta de Roberto Cerqueira César e Luiz Roberto de Carvalho Franco, do escritório Rino Levi.”

Por fim, as obras tiveram início em agosto de 1970, durante a gestão de Theobaldo de Nigris, presidente das entidades naquela época.

No dia 7 de novembro de 1980, já na gestão de Luís Eulálio de Bueno Vidigal Filho, a Fiesp promoveu uma solenidade para inaugurar oficialmente a nova sede, em evento que teve a presença do então presidente da República, João Baptista de Figueiredo, e outras autoridades.
Atualmente, o nome do prédio é Luís Eulálio de Bueno Vidigal Filho, que foi um grande empresário e presidente da Fiesp entre os anos 1980 a 1986. Com 92 metros de altura e 16 andares, o prédio abriga, além da FIESP, o centro de operações do CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, SESI – Serviço Social da Indústria de São Paulo, SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo, o Instituto Roberto Simonsen – IRS, que é um centro de estudos avançados, voltado à análise de grandes temas nacionais, e a sede de diversos sindicatos filiados.

O prédio conta com quatro andares de garagem, reservatórios de água, além de espaço para um teatro e galeria de artes em pavimento meio nível abaixo da Avenida Paulista. O site da FIESP afirma que
Inaugurado em 1979, o edifício ainda hoje se sobressai na paisagem com sua fachada predominante preta e desenho piramidal. É hoje um cartão postal da cidade e um marco emblemático da vocação paulista para o desenvolvimento.
O que mais chama a atenção, para quem vê o edifício de fora, é a progressão dos andares em direção ao topo em formato de pirâmide – aspecto estético e ao mesmo tempo funcional por garantir maior insolação dos andares inferiores.

Na comemoração de seu 35º aniversário, em agosto de 2014, a Fiesp publicou em seu site uma matéria intitulada “Trinta e cinco coisas que você não sabia sobre o prédio da Fiesp’, que parte dessas “coisas” estão citadas na lista abaixo:
O maior andar – O maior andar do edifício é o térreo superior, com 2.769 metros quadrados. É lá que ficam a entrada corporativa do edifício e o Centro Cultural Fiesp com a Galeria de Arte do Sesi-SP. Já o menor é o 15º, com 969 metros quadrados.
Burle Marx – No acesso pelo número 1.336 da Alameda Santos, há um mosaico de 515,68 metros quadrados assinado pelo paisagista e arquiteto Roberto Burle Marx (1909-1994). O trabalho foi feito em parceria com o também arquiteto e paisagista Haruyoshi Ono.

Sindicatos e associações – Além da Fiesp, Ciesp, Sesi-SP, Senai-SP e Instituto Roberto Simonsen têm sede no edifício 49 sindicatos e associações da indústria. Essas entidades ocupam o 7º, 8º, 9º e 10º andares.
Nobel da arquitetura – Em 1998, o edifício passou por uma reforma, com a construção de um mezanino onde foi instalada a Galeria do Sesi-SP. O autor do projeto foi o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o único brasileiro a ganhar o Pritzker, considerado o “Nobel da arquitetura”, além de Oscar Niemeyer.
Corte na laje – Com a mudança no térreo, foi feita a recuperação da distância original entre o asfalto automotivo e a entrada principal do prédio na Paulista. Para conseguir esse efeito, Paulo Mendes da Rocha fez um “corte” da laje do pavimento superior ao passeio público e recuou a laje inferior onde hoje funciona o Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso.

11 bustos – Onze empreendedores inspiram quem passa pelo 11º andar. A homenagem consiste em 11 bustos de nomes importantes para a economia de São Paulo e do Brasil. São eles: Horacio Lafer, José Ermirio de Moraes, Raphael de Souza Noschese, Morvan Dias de Figueiredo, Jorge Street, Roberto Simonsen, Francisco Matarazzo, Armando de Arruda Pereira, Antonio Devisate, Theobaldo de Nigris e Nadir Dias de Figueiredo.
Mais luz – Outro mérito apontado na elaboração da sede da indústria paulista está no fato de que a inclinação em direção ao topo pudesse garantir mais luz à construção. Uma preocupação pouco comum nos anos 1970.
Reforma – Em sua mais recente reforma, concluída em agosto de 2014, em seus andares inferiores, foi aberta a área de recepção com o objetivo de separar a área corporativa do acesso ao Centro Cultural Fiesp Ruth Cardoso.

Novela e Copa – Marco da arquitetura paulistana, a construção foi destacada na abertura da novela em “Amor à Vida”, exibida em 2013 e 2014 no horário das 21h, na Rede Globo, e no vídeo produzido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) apresentando São Paulo como uma das cidades que sediaram a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Os elevadores – Os sete elevadores da casa fazem 12,6 mil viagens por dia. Os pisos mais solicitados são o térreo, o primeiro subsolo e o quarto andar.
Reciclar é preciso – Desde janeiro, todo o lixo orgânico gerado pelo restaurante do Espaço Eventos, do 16º andar, está sendo processado para o uso, nos jardins das escolas do Sesi-SP, como adubo. 29,5% de todo o lixo produzido no edifício é reciclado. Para se ter uma ideia, a média de reciclagem na cidade de São Paulo é de menos de 10%.
Pelas catracas – As catracas do prédio registram, em média, 3 mil acessos de pessoas nos chamados dias úteis. Por mês, são 66 mil acessos, mais que a população de cidades do interior paulista como Vinhedo, Penápolis e Andradina, por exemplo.
Ralador de queijo – A cobertura metálica que reveste o prédio é chamada de “brize-soleil”, sendo feita de alumínio. O revestimento rendeu ao prédio um apelido carinhoso: “ralador de queijo”.

Na fachada – Uma das principais atrações do edifício, a Galeria Digital, que consiste em uma plataforma de transmissão de obras interativas em movimento e estáticas na fachada da construção, foi inaugurada em dezembro de 2012. Até agora, foram exibidas 51 obras no espaço como parte integrante de mostras, além de 23 vídeos artísticos e comemorativos independentes. De modo geral, os vídeos interativos são exibidos até as 22h. Já aqueles que ficam passando de modo ininterrupto ficam no ar até as 6h.
Clique nas setas laterais ou arraste a imagem para ver fotos de algumas das iniciativas da Galeria Digital, projetadas no edifício da FIESP
É ou não é um dos ícones da Avenida Paulista? Claro que sim!

Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!
One thought on “Edifício FIESP: o ralador de queijo”
Pingback: A história dos Salem e a beleza do palacete da família na Av. Paulista | Série Avenida Paulista