Na Série Avenida Paulista apresentamos a casa que pertenceu a Thomas Muir, localizada no antigo número 110 da avenida, onde hoje se encontra a Torre João Salem, quase esquina com a Alameda Campinas.
Para esta história contamos com a fotografia clicada no início dos anos 1980 por Walter Hernandez Trujillo, que pertence a uma coleção de fotos feitas por ele dos casarões da Paulista nessa época, antes da demolição de muitos deles, inclusive dessa casa da história.

Depois deste casarão
Torre João Salem
O Sr. Thomas Ballantine Muir, proprietário da residência, era filho de William Muir e Martha White, nasceu em 18 de julho de 1869 em West Linton Peebles, na Escócia. Ele foi educado em West Linton e começou a trabalhar como aprendiz no British Linen Bank em Peebles.
Trabalhou por muitos anos na área financeira. Foi enviado para Pernambuco em 1891 e posteriormente foi para o Rio1901 para trabalhar como gerente do London & Brasilian Bank e, ainda, passou muitos anos no Banco Comercial do Estado de São Paulo (atual Itau), onde construiu uma carreira, chegando a ser seu vice-presidente.

Como muitos imigrantes, moradores da Paulista, que tentavam preservar suas raízes, o Sr. Thomas fundou em 11 de fevereiro de 1924, junto com mais 18 escoceses a The St. Andrew Society do Estado de São Paulo. A reunião de lançamento aconteceu em sua casa na Avenida Paulista e ele foi escolhido como presidente da organização. A entidade foi criada para reunir os imigrantes escoceses e para promover a cultura e o patrimônio escocês em São Paulo.
Obtivemos poucas informações sobre sua vida e sobre a casa da Paulista, concluímos que ela foi alugada por um extenso período para ser o Consulado Alemão no Brasil. A casa foi uma das primeiras a ser construídas na Avenida Paulista. Em 1902, ela aparece em uma das fotos famosas de Gaensly.

O primeiro registro datado em 1909 aparece a casa como o Consulado Alemão, por notícia de uma cerimônia realizada lá para comemorar o 50º aniversário do imperador alemão Guilherme II, que foi oferecida pelo cônsul Carl Flügel. No ano seguinte o cônsul foi embora e leiloou todos os objetos da casa, ricamente descritos como podemos ver no anúncio abaixo.

O seu sucessor foi o cônsul James von der Hayde que, foi bastante influente em São Paulo no período em que esteve no cargo. Em 1911, o telefone residencial do cônsul, já aparece em seu nome na lista telefônica, publicada nos jornais da época.
Von der Hayde permaneceu com cônsul, em São Paulo, até a sua cassação em abril de 1917, quando retornou ao seu país de origem por causa do rompimento do Brasil com a Alemanha na Primeira Guerra Mundial.

A casa da Paulista foi entregue a seu proprietário ou vendida a Thomas Muir, que foi morar lá. Vimos notícias que, em 1919 e 1922, um conhecido empreiteiro, chamado Manuel Asson, fez reformas aumentando a casa e construindo uma garagem.
Em 1933, existe o registro de 2 automóveis, um da marca Oackland e outro Chrysler, pertencentes ao proprietário, registrados no endereço. Thomas Muir morreu em Londres em 1933, após uma operação séria, da qual nunca se recuperou.
Não sabemos até quando a família Muir permaneceu na casa, mas sabemos que ela foi vendida para a família Schahin em 1950. A história desta família seguirá no próximo texto.

Contribua com a Série Avenida Paulista: se tiver uma foto antiga em que este casarão/edifício/local público apareça ou se conhecer alguém que possa fornecer mais informações sobre a residência ou edifício e pessoas relacionadas (família, amigos e outros), entre em contato com a gente. Muito obrigada!
One thought on “O escocês Thomas Muir e sua casa na Avenida Paulista”
PAUL WILLIAM DIXON
Eu conheci um escocês Charles Muir aqui em SP. Será que é a mesma família? Eles (ele e a esposa) eram amigos dos meus pais e meus também. Se estiver vivo ainda, deve ter mais de 90 anos.
The St Andrew Society continua firme e forte. Todo ano realizam o Burns Night, em homenagem ao poeta nacional da Escócia, Robert ‘Rabbie’ Burns. Têm um site muito informativo sobre suas atividades.
Interessante que havia também uma sociedade galesa (Y Cymrodorion). Minha mãe era associada.
CurtirCurtir